quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

maioria absoluta

"Nos próximos dois anos, as obras públicas cujo valor não exceda os 5,15 milhões de euros podem ser atribuídas a uma empresa ou consórcio de empresas por ajuste directo, aprovou hoje o Conselho de Ministros" (Público)

a culpa é da crise internacional

"A carga fiscal dos portugueses aumentou em 2007 pelo terceiro ano consecutivo, encontrando-se em máximos de pelo menos 13 anos, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados." (Público)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Israel

O Mundo indigna-se com a resposta israelita aos rockets do Hamas. A expressão que mais tenho lido e ouvido é desproporcionalidade. Os conflitos armados não me suscitam particular excitação, antes pelo contrário, mas não consigo deixar de perguntar: qual a resposta adequada e, por conseguinte, proporcional, a isto?

vitupério

Só pode ser piada (de muito mau gosto).

Tens razão, Adolfo...

... é extraordinário o critério editorial de boa parte dos meios de comunicação social. Já ontem aqui chamei a atenção para isso. Mas enfm, apesar de tudo lá se dá, em rodapé, uma noticiazinha sobre o que ontem aconteceu, com destaque não superior ao que é dado ao rumor de que a Teresa Caeiro está na calha para a CML.

Cavaquices e lealdades institucionais

Começo por uma declaração de interesses. Não votei no Prof. Cavaco para presidente da república e continuo a achar que um (eventualmente) bom primeiro ministro não é (necessariamente) um bom chefe de Estado. E em meu entender o Prof. Cavaco não é um bom chefe de Estado. Faz-me confusão que o chefe de Estado não saiba História, por exemplo. Mas isso sou eu, que cultivo interesses revestidos de total irrelevância, pelo simples prazer que me dão. Onanismos intelectuais, portanto, que pouco ou nada interessam à república. Mas entristece-me ver o Estado chefiado por uma espécie de manequim de uma montra da Rua dos Fanqueiros. Com coluna indiscutivelmente direita, de antes quebrar que torcer, mas pouco mais do que isso. O Dr. Soares, um "pilantra político", tinha, apesar dos muitos pesares, outra dimensão. Outra cultura. E o hábito de não gostar particularmente de números. E o de não saber fazer contas. Como, aliás, o Eng. Guterres. Também por isso, ambos foram péssimos chefes de governo, ainda que tivessem perfil para a chefia do Estado.
O Prof. Cavaco tem imprimido à presidência um estilo que reputo de lamentável. Não tanto pelos pertinentes vetos mas por um punhado de inusitadas promulgações, algumas condicionais ou com reservas. Acho deplorável que o presidente aponha a sua assinatura num diploma, fazendo-o acompanhar de uma notinha explicativa da sua oposição. A oposição política aos projectos ou propostas legislativas chama-se veto político. E o presidente pode vetar politicamente, no uso das suas prerrogativas constitucionais. E pode enviar os diplomas para o Tribunal Constitucional se tiver dúvidas sobre a sua conformidade com a Lei Fundamental. É o que se chama veto jurídico.
Admito que o presidente queira fazer, e que faça, uso parcimonioso do direito de veto, por não ser ele o condutor dos negócios do Estado. Mas se entende não vetar, política ou juridicamente, um determinado diploma, que ladre no recato dos contactos que deve manter com o legislador, mas que se cale publicamente. Fazendo o contrário, mostra uma censurável falta de lealdade institucional. A primeira deslealdade teve um dono. E não foi o Sr. Pinto de Sousa.
.
Nota de actualização: foi removida uma gralha para a qual leitor atento me chamou a atenção.

ler os outros

"O que pode Israel fazer? Sentar-se à mesa e dialogar com quem apenas quer a sua destruição? E dialogar sobre quê? Sobre as modalidades da sua autodestruição?" (Esther Mucznik)

muito aconselhável (na íntegra)

"Além de lorpa, a Assembleia da República está povoada por juristas que devem tirado o curso em fascículos da Farinha Amparo. E apenas acolhe uma imensa massa bovino-obediente que responde a impulsos que lhe chegam por telemóvel ou através de ordens perpetradas na secção do partido. Entristece-me, pois, ver pessoas minimamente qualificadas como António Filipe ou Paulo Rangel a fazerem a figura que têm vindo a fazer a propósito de uma lei ordinária inconstitucional. De Canas, do PS, nem vale a pena falar. Não se comenta a miserável "voz do dono". Dito isto, talvez Cavaco tenha finalmente percebido o tipo de gente com quem tem de conviver institucionalmente. Deu sinais disso. Do Bloco ao PP, passando pela pusilanimidade do seu antigo partido, todos se comportaram vergonhosamente na questão dos Açores. "Absurdos" é pouco. Daqui para diante Cavaco deve-lhes o mesmo respeito que eles manifestaram pelo Chefe de Estado. Ou seja, nenhum. A lealdade aprende-se com os cães e jamais com os homens, sobretudo com homens "feitos" nos vãos de escada dos partidos. Esses, como disse um dia Mitterrand de parecidos doutra profissão, são mais de atirar a honra aos cães como quem lhes atira um osso. Cavaco não precisa dissolver a inutilidade conhecida por "casa da democracia" por causa disto. Seria manifesto disparate. Não. Basta-lhe assistir à lenta dissolução deste simulacro de democracia entregue a uma mão cheia de idiotas úteis. A lealdade, a verdadeira, é fantasticamente cruel. E como outra coisa, deve servir-se gelada." (João Gonçalves)

mau gosto (para mais, vindo de um "perito" em descolonizações)

"Israel ao ameaçar invadir o território palestiniano de Gaza, a meses das próximas eleições, depois de o ter feito com o Líbano, há um ano, com péssimos resultados, está numa fuga para a frente e numa escalada de violência, que a pode levar ao abismo: ao desaparecimento, a prazo, como Estado. Atenção! Quem avisa seu amigo é..." (Mário Soares)

desleal (por oposição ao que é leal):

adj. Que não tem lealdade; traidor, pérfido, infiel.

"absolutamente impecável"

"O Presidente da República anunciou esta noite numa declaração ao país que promulgou hoje o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, documento que tinha vetado, apesar de considerar que este abre um “precedente muito grave”, “abala o equilíbrio de poderes e afecta o normal funcionamento das instituições da República”. Para Cavaco Silva a qualidade da democracia ficou irremediavelmente afectada, apesar de tudo ter tentado para que os “interesses partidários” não se sobrepusessem aos nacionais.
Cavaco Silva lamentou que não tenham sido “acolhidas pela maioria dos deputados as duas objecções” por si suscitadas sobre os artigos 114º e 140º e questionou se "será leal ou não que um órgão de soberania imponha ao Presidente da República uma redução dos poderes que a Constituição lhe confere"." (Público)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dalai Lima Hoje na Rádio

O Dalai Lima tem o prazer de informar que hoje, amanhã, quinta e sexta, no Rádio Clube Português, 104.3, mais ou menos entre as 21:30 e as 22:00, ou as 22:00 e as 21:30 para quem circular em sentido oposto, tornará públicas as suas previsões para 2008 e analisará as ocorrências de 2009, com a sageza que quase todos são unânimes em lhe reconhecer. De qualquer modo, à mesma hora, a RTP 1 passa o concurso do Malato, a RTP 2 a extracção da Lotaria Clássica e do Loto 2, a SIC um documentário sobre gatos selvagens, e a TVI a novela Flor do Mar, por isso, dai-vos por felizes por o Dalai vos poupar aos serões deprimentes do costume. E não, antes que perguntem, o Governo ainda não autorizou a emissão do «Ao Fim do Dia» do Alexandre Honrado fora da região Lisboa & Sul porque o famoso radialista deu a entender que preferia Platão a Sócrates, mas podem sempre ouvir na Internet, como acontece religiosamente todas as noites em Nhaca-Nhaca, Moçambique.
Até logo, na certeza porém de que quem não ouvir hoje amanhã será excluído das conversas dos colegas de jardim-escola.

A Família

A Igreja Católica celebrou ontem a festa da Sagrada Família. É evidente que esta celebração mobiliza primeiramente o universo católico. Contudo, a festa da Família ganha particular importância à luz das últimas declarações do Papa a este respeito e da polémica que os meios de comunicação social e os lóbis do costume em torno delas entenderam empreender e amplificar. Sobre este assunto, já o João Gonçalves, e bem, se pronunciou. O Público do dia 24 de Dezembro, com destaque, dedica-se a essa polémica, com o mérito de apresentar a tradução da parte relevante do discurso do Santo Padre e as opiniões do Pe. Peter Stilwell e de Desidério Murcho.


Note-se que o Papa não se refere, nem por uma vez, à homossexualidade ou aos homossexuais. Bento XVI limita-se a explicitar uma evidência: a de que é dever indeclinável da Igreja e dos Cristãos defender a Criação. Toda a Criação e não apenas parte dela. E a Família, neste sentido, é criatura de Deus. Tanto assim que o Verbo se fez carne, em Família. O mistério da encarnação é uma prova irredutível do amor de Deus pelo Homem. Ao invés de uma revelação épica, que a sua natureza messiância autorizava, Deus quis fazer-se homem, assumindo essa humanidade na íntegra. E em família. É no quadro desta espantosa Revelação que a Família se reveste de um carácter sagrado e, nessa medida, indisponível.


Claro que o sagrado não tem necessariamente de assumir forma de lei. De lei civil, entenda-se. Mas também não deverá o legislador civil, sempre, presumivelmente, com a melhor das intenções, empenhar-se em dispor da natureza, do que resulta da natureza das coisas, para moldá-la a seu contento ou ao seu capricho mutável. A natureza não está na disponibilidade do legislador e, nessa medida, também a Família não está. Dizer isto, porém, não significa, como tenho dito, que não possam ser justíssimas algumas das observações de quem defende uma remodelação do conceito de família, daquilo a que as vanguardas chamam "família moderna", por oposição à denominada "família tradicional". Ora, aqui, os adjectivos mais do que qualificarem, descaracterizam. Desvirtuam. Não há tradição ou modernidade no que à Família diz respeito. Há Família. Sem mais. E a Família é o que é. Não o que o legislador civil, a reboque de inconfessados interesses, pretenderá fixar.


Mas repito: há seguramente situações gritantes (e não apenas em relação aos homossexuais) que carecem de intervenção legislativa. E urgente. Contudo, essa intervenção deve ser orientada no sentido de debelar essas situações e não no de modelar um conceito natural, anterior ao próprio legislador. Como sublinha o Pe. Peter Stilwell, "defender que é necessário salvaguardar a ecologia humana é lembrar como é perigosa a ideia de que nos podemos libertar não só do Criador, como da ordem natural". A isto pode opor-se, como faz enviesadamente Desidério Murcho, uma linha argumentativa rasteira e que se furta, e talvez se perceba porquê, ao essencial: "Era o que faltava uma pessoa, só por usar saias, ou por ser Papa, não poder dizer tolices. Não é de esperar grande sensatez em adultos que acreditam que depois de uns gestos mágicos um copo de vinho se transforma em sangue".

Emplastros

Os que vivem o jornalismo por dentro são os que melhor se apercebem das tácticas de que ele vive. Dos interesses que alimenta. Dos protagonistas que, por mais ou menos obscuras razões, leva ao colo. Emídio Rangel é uma dessas pessoas. E não apenas vive o jornalismo por dentro. Respira-o como poucos. Emídio Rangel reconhece em Paulo Portas, por exemplo, as mesmas inteligência e habilidade que caracterizam um burlão. Dos bons. Esta opinião não passa disso mesmo. De uma opinião, ainda que alicerçada num punhado de factos que fazem do caminho de Paulo Portas aquilo a que Rangel chama "pseudojornalismo" e "pseudopolítica". De mais uma opinião a somar-se a outras que vão nesse mesmo sentido.
O mais impressivo do artigo, porém, é a incompreensão das razões que levam os directores de televisão a darem tempo de antena a emplastros. A quaisquer emplastros. E foi pena o Emídio Rangel não ter assinalado outros, tão bons ou melhores, como o beato Louçã. As razões para isto também as não conheço, mas uma coisa é certa: todos ficaríamos mais bem entregues se os ditos directores soubessem distinguir o trigo do joio. E se não vivessem das audiências, já agora.

agenda

Ao que parece, terminadas que foram as tréguas, de forma unilateral, por iniciativa do Hamas, divertiram-se estes rapazes na passada semana a enviar para território israelita umas centenas de rockets. A generalidade da nossa imprensa, no uso da independência que a caracteriza, fingiu que não era nada com ela e omitiu o facto. Israel decidiu agora responder e, passados 2 dias, o Médio Oriente voltou às capas dos jornais, que não se coibem de dar eco aos números de mortos e feridos apresentados por fontes ligadas ao Hamas. É a cobertura ideal de que alguns comentadores necessitam para justificar o apoio que, de forma desenvergonhada, insistem em dar a uma organização terrorista. Que os segundos, assumidamente parciais, vão cumprindo a sua agenda é lá com eles (estamos aqui para o combate). O que já não se pode aceitar é que os jornais e demais órgãos de comunicação social, aparentemente imparciais, assumam de forma despudorada a simpatia por um dos lados da barricada. Afinal, para que é que serve a ERC?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Santo Natal

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projectando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus connosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogénito; e pôs-lhe por nome Jesus." (Mateus 1, 18 ss.)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

depois de ter visto um porco a andar de bicicleta, já nada me surpreende...

“Independentemente de se discutir se foi deliberado ou não, se foi intencional ou não, não tenho dúvidas em relação ao que vi no jogo, que é com a mão que ele inverte o sentido da trajectória da bola e a coloca nos pés do seu colega” (árbitro Pedro Henriques, que apitou ontem o Benfica / Nacional)

Outra vez a minha veia jugular...que maçada!

Ó criaturas de Deus (sim, vós também o sois):
Enquanto ouvem os avisos do Papa sobre a vossa (não) capacidade de procriação e em como isso, no limite e se fossemos todos homossexuais e fiéis no casamento (homossexual, leia-se), acabaria com a raça humana em três tempos, não haveis reparado num tema mesmo à vossa medida: então não é que o canal público da televisão portuguesa vai transmitir, em directo do Vaticano, a missa do galo, a missa Papal?
Insurjam-se! Sejam coerentes, vá lá, soltem a língua!!!

Complexo de Édipo negativo

O problema não é, evidentemente, do Papa, quando se dirige aos católicos. O problema é de criaturas como esta, que, do alto da sua arrogância intelectual, revelam os seus complexos, exibindo toda a sua intolerância perante quem não pensa como elas. Não deixa de ser irónico, vindo de quem, durante anos - até perceber que o argumento era, na realidade, um não argumento -, se passeou em paradas e outras manifestações igualmente afirmativas onde a palavra de ordem era o direito à diferença. No tempo em que vivemos, resta-me desejar-lhes um Santo Natal, livre de quaisquer preconceitos.

ler os outros

"Ao arrepio do berreiro que imediatamente se levantou, as declarações de Bento XVI onde se reafirma a posição da Igreja contra o casamento homossexual – aliás, contra os actos homossexuais, o que é ainda mais radical – são lógicas. Estranho seria que a Igreja não definisse com esta clareza o território que ocupa. E, quando muito, devíamos era aplaudir – todos, heteros e homos – o desempoeiramento papal de aproveitar a quadra natalícia para deixar os moralistas anti-católicos à beira da síncope politicamente correcta.

Deus, segundo os católicos, não gosta de homossexuais sexualmente satisfeitos. Que têm os não-católicos a ver com isso? Se os não-católicos não admitem aos católicos que se metam nas suas vidas, porque caralho andam sempre a tentar meter-se nas vidas dos católicos? É que já farta de tanto complexo de inferioridade perante uma Igreja que está reduzida a ser museu folclórico e garante dos feriados religiosos que nenhum ateu quer perder." (Valupi)

Bora Fugir com o Natal


Ainda sou do tempo em que o Natal tinha a ver com o Menino Jesus. Depois, os americanos aperceberam-se de que ninguém tinha registado o ® e abarbataram-se com essa fabulosa oportunidade de negócio. Para todo o sempre.

Ou não.

Ainda podemos roubar o Natal. Ladrão que rouba a ladrão. Toda a gente à espera que ele chegue a 25, e nada. Para o ano, valor comercial por aí abaixo. O Natal vai passar a valer, na melhor das hipóteses, 1,37 Dias dos Namorados ou 1,54 Halloweens.
Para nós, pelo contrário, os simples que continuamos a acreditar no Menino Jesus, não haverá problema – afinal, nós é que pusemos o Menino a nascer a 25 de Dezembro, só para lixar o Solstício aos pagãos. Depois de raptarmos o Natal, levá-lo-emos para qualquer outro dia do ano, menos 24 e 25 do corrente – um dia diferente todos os anos, para os americanos não o encontrarem. E, claro, não haverá prendas, só espontâneas, e angústias, só momentâneas. As dores dos filhos de divorciados, e as de seus pais, tão agudas nessa noite que devia ser só de paz, ficarão apenas crónicas, posto que incuráveis. Ateus e agnósticos deverão ser deixados em paz. E não haverá mais festas de empresa nem Natais dos Hospitais.
O Menino Jesus, que de qualquer modo já foi de novo chutado das hospedarias em favor do Pai Natal, um velhinho simpático mas roído de Alzheimer que se julga S. Nicolau, pode voltar a nascer em paz, em palhas deitado, em palhas estendido, filho duma rosa, dum cravo nascido. E todos nós, os épicos sobreviventes das quadras festivas, poderemos juntar-nos aos pastores sem eira nem beira como nós, e regozijarmo-nos com esta grande alegria, que o será para todo o povo.
Não é tão difícil como parece. Basta seguir a estrela.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"absolutamente impecável"

«É uma honra para nós servir Portugal, trabalhando com Vossa Excelência», foi a resposta de José Sócrates a Cavaco Silva.

Esta foi uma das mais curtas mensagens de Natal do primeiro-ministro para o Presidente da República. - TSF


É impressão minha ou Portugal foi acometido de uma fúria devoradora nos últimos dias? Entre jantares com amigos de longa data com quem não se está desde data quase tão longa, "almoços do escritório" em que o que verdadeiramente se celebra é o facto de se ir passar uns dias livre daquelas pessoas e ceias com as mais amplas e desvairadas justificações, o país inteiro parece fazer pouca coisa para além de dar à mandíbula; engolindo, triturando e deglutindo em doses pantagruélicas iguarias tais que tornam diabético quem nelas depositar o olhar mais do que cinco segundos.
Pesadelo de qualquer nutricionista, a nós, a bucólica imagem do Menino na manjedoura dá-nos para ruminar! Desde que se vê a primeira iluminação de Natal até à última fatia de bolo-rei por volta de sete ou oito de Janeiro, mesmo os mais espartanos e frugais dizem que “um dia não são dias” todos os dias. Nem a vaca e o burro que S. Francisco colocou nas imediações da Sagrada Família desde o século XIII enfardam tanto como nós.
O alka seltzer já fez menos sentido como presente de Natal.

A minha veia jugular

Não percebo por que é que o dia 25 de Dezembro é feriado. Como não entendo a 6ª feira Santa, nem o dia 15 de Agosto, nem o 8 de Dezembro, nem qualquer feriado religioso, posto que são alusivos a datas de referência na religião católica. Acho uma tremenda desigualdade e discriminação para com os crentes das demais religiões.

(deve estar para sair um post sobre este tema no sítio do costume. Intelectualmente muito mais profundo, como é seu timbre. Vá lá, sejam coerentes e soltem a língua!)

pacta sunt servanda

"O presidente do Conselho Nacional democrata-cristão criticou ainda a decisão do deputado José Paulo Carvalho de se manter no Parlamento apesar de se ter desfiliado do CDS-PP em divergência com a direcção. "Desconfio sempre daquelas pessoas que passam o tempo com discursos fundamentalistas e de suposta superioridade moral porque depois são as primeiras a falhar", criticou, frisando que "não é uma questão de legalidade, é de princípio" uma vez que foi José Paulo Carvalho que decidiu sair." (Ironia das ironias. O Autor destas declarações foi Pires de Lima, deputado eleito pelo Porto, que foi substituído por José Paulo Carvalho no Parlamento, de forma a poder ser administrador de uma conhecida empresa de bebidas)

20.01.09

Cada vez gosto mais do Obama.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

saldos de inverno

1 year ago RBS paid $100bn for ABN Amro.

For this amount it could now buy:

Citibank $22.5bn

I'll let you guess the firm... $10.5bn

Goldman Sachs $21bn

Merrill Lynch $12.3bn

Deutsche Bank $13bn

Barclays $12.7bn

And still have $8bn change......which you would be able to pick up GM,

Ford, Chrysler and the Honda F1 Team.

(recebido por e-mail)


IPA


quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

CUMPRIR CALENDÁRIO:

Mas, de todo o modo, com fair play desejo sorte para o jogo com a... com o... enfim, com a outra equipa.

Presos no RCP hoje à noite


Hoje, pelas 23H30, no Rádio Clube Português, em 104.3 (Zona Sul), ou pela internet, no resto do país, mini-debate sobre presos, e presos recém-libertados.

Com José Brites, da Associação O Companheiro, que presta apoio a ex-reclusos com dificuldades de reinserção, e eu próprio, pelo Grupo de Visitadores do Hospital-Prisão de Caxias.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Confusão de Sentimentos


Mário amava Mariana. Mariana Pinto de Almeida. Não confundir com Mariana Pinto de Chaves. Mariana Pinto era tanto de Almeida como os pais, que eram de Coimbra, e nunca tinham ido a Almeida, embora quase, de uma vez que foram para Espanha por Vilar Formoso, e também eram Pinto de Almeida como a filha. Já Mariana Pinto era de Chaves, tal como os pais, que também eram só Pinto como a filha, e viviam em Chaves, como ela própria, enquanto vivera com os pais, antes de ir estudar para Coimbra.
Mariana Pinto de Almeida e Mariana Pinto de Chaves ocupavam lugares inversos no coração de Mário e na sua lista de endereços de telemóvel, contíguos mas sucessivos. Primeiro Mariana Pinto, logo seguida de Mariana Pinto, primeiro a de Almeida, logo seguida da de Chaves. No telemóvel, porque no coração de Mário vinha primeiro Mariana Pinto e só depois Mariana Pinto, a de Chaves antes, e só depois a de Almeida. Mário mandava longos sms apaixonados a Mariana – Pinto – , que a operadora invariavelmente perguntava se podia enviar em duas partes, às vezes três, onde se abria sem defesas perante a que dizia ser senhora do seu coração. Proclamava-lhe com todas as liberdades permitidas pela língua portuguesa e o teclado do Nokia, que eram poucas para amor tão avassalador, o quanto a achava incomparável, incomparando-a a auroras, eternidades, ideais, oásis e universos. Mário sofria, porque Mariana não respondia. Mariana não respondia, porque, posto que se lhe incendiasse a alma com as palavras inflamadas de paixão de Mário, julgava na sua insegurança que só poderia haver engano. Que teria forçosamente de haver outra mais preparada pela Natureza para princesa de tal príncipe, nascida desde antes de concebida para corresponder a tal amor. Outra melhor que ela. Outra mais digna do único que considerava digno do seu amor. E não respondia. Quanto a Mariana, não respondia, pois, não obstante suspeitar por pequenos sinais que não fosse indiferente a Mário, este não se dignava enviar-lhe um sms que fosse, onde, ainda que não brilhasse no estilo, lhe confirmasse na substância que a desejava, e quanto.
Claro que também não ajudava em semelhante imbróglio que Mário, a arder por Mariana Pinto de Chaves, a primeira do seu coração, digitasse impaciente, imparável, impetuoso, imbecil, no cabeçalho da sms o nome de Mariana Pinto de Almeida, a primeira no seu telemóvel.

sobre o cds

"(...) com a tendência de fulanização do CDS, em vias de se transformar numa empresa de propaganda unipessoal, a prioridade dos militantes deveria ser de se reforçarem, agrupando-se como reserva por um  projecto politico de puro serviço, para uma nova ordem nacional (...)"

MARTA REBELO

Depois de ter lido ontem o artigo de opinião do João Miguel Tavares, descobri a notícia:
"Já a deputada do PS Marta Rebelo, que disse ter avisado que ia faltar por ter uma consulta médica, desvalorizou a questão das faltas dos deputados, considerando que “o que se passa no plenário” são questões “mais importantes do que a questão das faltas, que é política com ‘p’ pequenino”.
“Hoje vamos votar e discutir coisas importantíssimas, como o Estatuto Político-Administrativo dos Açores”, afirmou a deputada, apesar de hoje não constar da agenda qualquer discussão sobre o Estatuto dos Açores."
Coloquei o nome da senhora deputada em maiúsculas para que não o esqueçam. Por que, no fundo, o que ela merece é que o nome dela seja escrito à sua imagem, minúscula: marta rebelo. Com letras pequeninas.
Nota: registo o silêncio da generalidade da blogosfera.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

quem nunca provocou uma guerra injusta que atire o primeiro par de sapatos

o rei vai nú

A propósito dos recentes acontecimento na Grécia, Mário Soares escreve hoje no dn:
"Não são, contudo, jovens marginais, filhos de imigrantes, habitantes de bairros problemáticos, como sucedeu, há meses, em França. São filhos da burguesia que está a ser muito afectada com a crise."
Sem pretender perder muito tempo com as aleivosias do cada vez mais ex-pai da nação, há que realçar a preciosidade. Soares diz que os estudantes que têm praticado actos criminosos em diversas cidades gregas, que para mim não passam de casos de polícia, não são filhos dos pobres, imigrantes, excluídos, etc., mas sim filhos da burguesia. Soares tem um conceito estranho acerca dos pobres (já o havia indiciado quando referiu um dia que o terrorismo tinha a sua génese na pobreza (!)). O que impressiona neste texto é o facto de Soares realçar o facto dos burgueses serem afectados pela crise, ignorando que os seus efeitos nos tais imigrantes pobres, residentes em bairros problemáticos, serão certamente maiores. No fundo, o que Soares defende, aparentemente sem querer, é o poder nas ruas, nas mãos dos burgueses.

ler os outros (atrevo-me a publicar o texto na íntegra)

"Eu não queria voltar a este assunto, mas a senhora deputada do Partido Socialista Marta Rebelo obrigou-me a isso, após ter declarado publicamente na sexta-feira que a Assembleia da República está a transbordar de assuntos importantíssimos e que a questão das faltas dos deputados é apenas "política com 'p' pequenino". Estas declarações surgiram após a senhora deputada ter faltado - segundo ela, devido a uma consulta médica - a uma comissão parlamentar que não se realizou por falta de quórum. Um detalhe obviamente insignificante, como bem tratou de explicar Marta Rebelo, tendo em conta que nesse dia - e cito - se ia "votar e discutir coisas importantíssimas, como o Estatuto Político-Administrativo dos Açores". Infelizmente, a senhora deputada deve ter confundido a agenda política do Parlamento com a agenda política do seu almoço, já que no Palácio de São Bento não havia nenhum estatuto dos Açores para discutir na sexta-feira. Nada como um deputado bem informado. Mas isto sou eu a chafurdar na política com 'p' pequenino, claro.

O curioso neste caso é que Marta Rebelo, segundo uma notícia do jornal 24 Horas de Janeiro deste ano, já havia sido obrigada a suspender a sua actividade de docente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa devido a queixas de falta de assiduidade por parte das quatro turmas que leccionava e por assinar uma presença num dia em que faltou. É pena que o jornalista que a inquiriu não tenha referido este tema, pois Marta Rebelo certamente teria respondido: "Há coisas importantíssimas para discutir na Universidade de Lisboa. Isso é ensino com 'e' pequenino." Eu próprio estou a pensar seriamente em passar a utilizar o argumento no meu trabalho. Da próxima vez que me perguntarem "mas quando é que tu escreves esse teu texto?", eu vou responder: "Isso é jornalismo com 'j' pequenino." E, bem vistas as coisas, é um raciocínio que se pode perfeitamente aplicar a todas as áreas. Se um trabalhador da Autoeuropa for interrogado sobre a sua lentidão a apertar as porcas de uma Sharan, ele poderá a partir de agora argumentar: "Tendo em conta o estado da indústria automóvel, isso é fabricação com 'f' pequenino."

Numa coisa se faça justiça a Marta Rebelo: ela não está só na defesa desta sua divertida teoria. O próprio Mário Soares, que até ser destronado por Manuel Alegre era a consciência favorita da nação, declarou que este assunto das faltas era mero fait-divers. Tendo em conta as sonecas que ele batia no Parlamento, percebe-se que preferisse dormir a sesta em casa. Ora, sendo esta a cultura que domina o País, não admira que vivamos rodeados de dezenas e dezenas de deputados com 'd' pequenino, exibindo alegremente a sua incompetência. Com 'i' maiúsculo." (João Miguel Tavares)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

do bonsai

Imperial. Dos píncaros tudo rege. A sua sombra tutelar tudo domina. Nada medra sem que saiba. E não vinga quem se atreva a questionar-lhe o papel primordial. Ervas ralas despontam timidamente na condição servil. São rodapé do esplendor alheio. Ei-lo. Espraiando a copa a perder de vista. Altivo. Colossal. Dominador. Cuidadosamente aparado. Rigorosamente implantado. Nutrido pela terra sobre que põe e dispõe. Fulgurante. Titânico. Majestoso. Hegemónico. Imenso no seu canteiro. Mas é uma miniatura.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ora bem, é fazer as contas...

"Os portugueses perderam poder de compra entre 2005 e 2007 relativamente à média da União Europeia e Portugal surge na cauda da lista dos 15 países da Zona Euro, com o pior poder de compra de todos, nos 76,2 por cento, segundo dados hoje apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)." (Público)
Estou curioso para ouvir as justificações do nosso primeiro. São pontos assentes:
(i) Não estávamos ainda em crise. 
(ii) Não se sentiam ainda os efeitos da subida do preço dos combustíveis.
Assim sendo, é para mim claro que a culpa só pode mesmo ser do anterior Governo de Santana Lopes, esse grande malandro. 
PREÇO DO MELÃO EM QUEDA!
Atento o apoio estrondoso que no país tiveram muito recentemente, estima-se que a visita dos Arsenaleses à Invicta cidade do Porto tenha deixado espalhados pelo país 6.000.000 de melões que inundaram repentinamente o mercado provocando a queda abrupta do preço desta saborosa fruta.

Os agricultores independentes manifestaram-se já contra o facto, que consideram fruto de concorrência desleal, e emitiram um comunicado alertando o consumidor para a evidência de muitos destes melões se encontrarem completamente podres, realidade de que deram conta à DECO (nenhuma relação) e, principalmente, à ASAE para que esta última tome as providências necessárias face à situação calamitosa.

Insensível às críticas dos agricultores independentes, o Primeiro-Ministro tentou tirar partido da situação e, não tendo conseguido marcar em tempo útil uma conferência de imprensa, telefonou pessoalmente para todas as redacções dos jornais nacionais e locais e ainda para as das televisões e rádios para lhes dizer, com aquele tom nasalado do Ricardo Araújo Pereira, que se tratava de mais um enorme sucesso do governo tendo como finalidade melhorar a vida dos portugueses em 2009: "gasolina mais barata, juros mais baixos e melões ao preço da uva mijona. É porreiro, pá", concluiu inúmeras vezes o Primeiro-Ministro.

Um nadinha mais atento às realidades e sensível às críticas dos agricultores, o Ministro do sector veio já criticar a maior associação portuguesa de produtores de melões, acusando-a de ser a verdadeira responsável por estas oscilações no preço, principalmente pelo facto de não conseguirem acertar nas suas previsões. Jaime Silva considera que o alarmismo da situação actual se deve apenas ao facto desta associação ter criado no sector, aquando da recente entrada no mercado de meia dúzia de bananas da Madeira, um clima de euforia totalmente injustificado. Essa euforia torna a actual abundância de melões aparentemente de maior dimensão mas, regista o Ministro, "julgava que o país já devia estar habituado a este tipo de situações (nota: inundação do mercado com melões), tão comuns nos últimos 25 anos".

O Ministro da Agricultura sublinha que o problema não é sequer uma novidade: "os melões são sempre os mesmos, vendo bem o seu número varia pouco", daí que o mercado esteja já habituado a esta variação na oferta, "que aliás ocorre em diversos períodos do ano e anualmente" (alto quadro do INE, que no entanto preferiu manter o anonimato, garantiu-nos estar prevista para este fim-de-semana nova inundação do mercado com melões, que certamente darão entrada no país através do Porto de Leixões, o que virá agravar a situação, e outra para Maio de 2009 "se não for antes").

Os agricultores exigem do Governo de Lisboa medidas concretas que terminem de vez com estas proliferações sazonais de melões no mercado e o Ministro prometeu criar uma comissão que irá estudar o assunto, assim que designada e instalada. Contudo, fonte próxima do Ministro confidenciou-nos que isso é tecnicamente impossível: "nós já tentámos tudo, até nos socorremos da Maria José Salgado mas eles são muito fortes. Eles são muito, muito fortes..."

bandalhos

"(...) ver os sindicatos gregos com bandeirolas "contra o assassínio a sangue-frio do jovem Alexander" e daí exigirem o fim dos despedimentos e mais dinheiro do Governo para a Saúde e Educação, dá para perguntar: o que tem o cu a ver com as calças? Um polícia atirou para o ar, a bala fez ricochete e matou um jovem é uma situação que merece que o polícia seja julgado. É o que está acontecer. A justiça grega tranquiliza-me. Assim me tranquilizasse a polícia grega acabando com a bandalheira nas ruas." (Ferreira Fernandes)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sr. PM, tem o sabonete no chão à sua frente e o Dr. Soares atrás, agora faça como entender.


Lembram-se, de quando o Dr. Mário Soares, nos tempos do PREC, disse que NÃO ia meter o socialismo na gaveta? E lembram-se do que ficou para os anais da história, não lembram?

Pois hoje o Dr. Soares disse, mais coisa menos coisa, que a substituição do Eng. Sócrates seria uma grave perda para o país.

O oráculo falou. A engrenagem está em marcha.

Hoje nasceu o salvador

Ler os outros

"hoje a direita desistiu de dar resposta à desigualdade, ou simplesmente falhou. E o eleitorado vira-se para outro lado."
Rui Tavares, no Público

A ver-se gregos

No Parlamento Europeu decorre uma exposição sobre a democracia ateniense e as inscrições que dela subsistem em diversas ruínas. A avaliar pelo que se passa agora na Grécia, esta exposição arrisca-se a vir a ser mais contemporânea que histórica.

pantomineiro-mor

Notícia de hoje, das 21:52:
Notícia do passado dia 5.12 (há 4 dias):

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

síndrome de Lino (também conhecido como esquizofrenia)

Notícia de hoje, às 15:14:
Notícia de hoje, às 16:36:

República das Badanas

A partir de hoje, recomendamos lá em baixo nos blogs amigos o supracitado (http://republicadasbadanas.blogspot.com/). É do Alexandre Honrado, e é bão, senão não recomendávamos, não é, lógico que é.

Melhor ainda é ouvir o Alexandre no RCP de segunda a sexta, das 21H às 24H, no «Ao Fim do Dia».

Ainda melhor é ler os livros dele. Romances históricos, infantis e outros.

Fazer tudo ao mesmo tempo, então, é um fartote.

Após capotar com sua lancha de corrida, Jesus rapidamente abandona o local do acidente, antes que o Pai descubra.

Cuidados a Ter com o Herpes Labial



O herpes labial é uma doença viral recorrente, geralmente benigna, causada pelos
vírus Herpes simplex 1 e 2, que afecta principalmente a mucosa da boca, mas pode causar graves complicações neurológicas.
A infecção por herpes simples 1 normalmente é oral e produz
gengivomastite (inflamação das gengivas). O vírus invade os terminais dos neurónios dos nervos sensitivos, infectando latentemente os seus corpos celulares no gânglio nervoso trigeminal (junto ao cérebro). Quando o sistema imunitário elimina o vírus das mucosas, não consegue detectar o vírus quiscente dos neurônios, que volta a activar-se em períodos de debilidade, como stress, trauma, imunosupressão ou outras infecções, migrando pelo caminho inverso para a mucosa, e dando origem a novo episódio de herpes oral com exantemas e vesículas dolorosas.
Não há
vacina nem tratamento definitivo, apesar de alguns fármacos, especialmente acicloguanosinas como o aciclovir, poderem reduzir os sintomas e o perigo de complicações como encefalite.
É possível reduzir a transmissão evitando o contacto directo com outros ou com objectos usados por outros (copos, bocais de instrumentos de sopro) quando o herpes labial está activo. Mesmo assim o risco de transmissão é reduzido mas não inexistente.
O herpes labial é assim, se convenientemente acompanhado, uma doença que não deve causar preocupação, mas com a qual se tem de aprender a viver. O que nunca se deve em caso algum é admitir que seja candidato à Câmara de Lisboa.

síndrome de sexta-feira

"O DN fez as contas à presença dos deputados no plenário, desde o início do ano, nos três dias da semana em que há sessões plenárias. Conclusão: mesmo sendo por vezes dia de votações, os parlamentares faltam muito mais à sexta-feira." (DN)
Será certamente uma (in)feliz coincidência. Ainda assim, e como, ao contrário do que muitos pensam, quando votamos em legislativas estamos a eleger listas de deputados, convinha saber quem são os que mais faltam. Basta o nome e a fotografia num jornal de referência. Caso contrário, arriscam-se a que tomemos o todo pela parte.

o último a sair que feche a porta

Quando José Sócrates se torna numa inevitabilidade nacional, o único timoneiro capaz de manobrar o barco, ó meus amigos: mais vale apagar a luz e fechar a porta. (João Miguel Tavares)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Este é para ti, Tânia

Não me conheces. E eu nunca te vi. E tenho dúvidas se quero que isso mude. Soube da tua existência através da assinatura que deixaste na parte de trás de uma cadeira num avião da TAP. Não sei que motivo te levou a julgar que alguém poderia estar interessado em saber que tinhas passado por ali. Eu não estava. Tenho perguntado a algumas pessoas que conheço e a resposta tem sido unânime, vê lá tu. Mas, seja esse motivo qual for, pensa duas vezes da próxima vez. É que, sabes, há alguma poesia em quem perde tempo a escrever versos de pé quebrado de calças pelos tornozelos na porta de uma casa de banho ou em quem grafita bonecos inenarráveis em paredes recém-pintadas. Ambos implicam risco, alguma coragem física e certo amor à arte. Contigo não, Tânia. Não foste mais criativa que quem toca a uma campainha. Achaste que devias escrever o teu nome nas costas de uma cadeira. Aproveitaste a passividade cúmplice dos teus vizinhos mais próximos e a distracção da tripulação - eventualmente entretida com o mantra café-coffee-tea-chá - para sujar simplesmente o assento à tua frente. E pronto. O cinzento-murídeo da coisa, já de si tão apelativo como uma bota da tropa, ficou marcado pela tua esferográfica azul e pelos contornos arrebicados do teu nome. Como te dirá qualquer Fátima Lopes desta vida, a opção por semelhante combinação cromática no mobiliário de voo é esteticamente lamentável. Tristonha, bisonha, mortiça. Mas esquece o cromatismo Podias, pelo menos, ter escrito qualquer coisa com interesse. Já que estavas a sujar o que não é teu - ou é só um bocadinho - que aproveitasses para cunhar uma obra para a posteridade. Que valesse a pena, que desse nas vistas, que ficasse para sempre nos anais da intervenção artística aeronáutica. Mas nem uma data, nem um pensamento, nem uma garatuja, sequer. Nada. Da próxima vez puxa pela imaginação. Tenho a certeza que és capaz de melhor. Desculpa, Tânia, mas só "Tânia" é muito pouco.

O Doce Aroma da Bosta de Cavalo


A memória é uma coisa tramada. Sabe-se como começa, não se sabe como acaba.
A mim, por exemplo, a bosta de cavalo traz-me à memória a Zica.
Sempre que passa por mim um binómio hipotécnico da GNR acabado de almoçar, e a besta larga lastro, não torço o nariz nem ponho um ar enjoado. Não, inspiro fundo.
Tão fundo que vou parar muitos anos atrás, quando montava a cavalo nos cavalos da GNR. Às terças e quintas era pela Académica, às segundas, quartas, sextas e sábados, pela Mocidade, o que quer que isso fosse. Era eu, a Zica, e o Paulo Ferro. Fazíamos uma espécie de ménage à trois cuja soma das idades mal passava dos trinta. A Zica enchia-me as medidas, e eu ansiava por mostrar-lho armando-me aos cucos em cima da montada. Mas não tinha hipóteses. O Paulo Ferro, para além de ser o meu melhor amigo, era o maior do bocado, entendendo-se por bocado o planeta. Tínhamos acabado de chegar a Coimbra, eu do meu paraíso, ele do dele, que era Lourenço Marques, e o tipo não era muito bem visto. Acabava as frases todas em «né», e dizia coisas esquisitíssimas como «maning nice» (até hoje não sei como se escreve «maning»). A nossa amizade começou desinteressadamente quando ele caiu de gripe gripado e eu lhe levava o Tintin encadernado para o ajudar a passar a borrasca. Foi um bom investimento, apostar assim no pária da turma, porque, recomposto das febres, em breve conquistou os corações da malta numa aula de Geografia, e eu fiquei o melhor amigo do novo herói. A verdade é que havia uma estagiária que víamos e revíamos no nosso cinema paraíso, uma coisa de sonho que usava uma mini-saia impensável. No primeiro dia em que lhe calhou dar aula, o Paulo Ferro, insuspeito no seu ar de totó e sotaque pré-maputo, perguntou-lhe onde é que era uma terra qualquer de que não sabia o nome, só que era maning a norte, ou no Alasca, ou na Sibéria, ou talvez na Gronelândia, ou seria Islândia sim parece que acabava em -lândia. O certo é que a boa da estagiária tão boa que boa era foi apontando para cima com o ponteiro aqui? não mais acima aqui? não mais acima aqui? não mais acima e nós, naquele dia, apaixonámo-nos pela Geografia e conhecemos territórios setentrionais insuspeitados que nos marcaram para sempre até hoje, e falo por todos. A estagiária, claro, levou nota 20, senão do orientador, pelo menos de nós trinta. Ora o Paulo Ferro, além de melhor amigo do yours truly, especialista em Geografia Humana, e cavaleiro precoce, fazia ginástica desportiva e, adivinhem lá, também nisso era o maior. Treinava no cavalo de arções, e quando chegava ao cavalo de volteio, fazia tudo a que tinha direito. Por fim, rematava o espectáculo pondo-se de pé sobre o dorso do bicho e saltando para o solo em mortal à rectaguarda. E repetia. Eu também me sentia, verdade seja dita, perfeitamente capaz de dar o mortal para trás com a maior das facilidades, só que sabia que seria o último que daria em vida, por isso evitava. Não sei, talvez suspeitasse não ter ainda chegado a hora de dar a vida por uma mulher, nem mesmo pela Zica. Contentava-me, assim, em rodar 360º lá em cima, andar de cócoras sobre o dorso, ou montar com o cavalo a galope, depois de acertar o passo com o animal. (Também desmontei muitas vezes a galope, mas nem sempre de forma planeada, e duma certa vez directamente contra a parede do picadeiro.)
Tudo isto para dizer que a Zica, nunca tendo, para ser honesto, manifestado qualquer preferência pelo Paulo Ferro em detrimento de mim próprio, procederia assim seguramente por mera delicadeza.
E tudo isto ainda para dizer que a memória é uma coisa tramada, que se sabe como começa, não se sabe como acaba, em que uma coisa malcheirosa como a bosta de cavalo nos pode evocar uma memória tão perfumada como a da Zica, ou os northern territories dos confins da Maninglândia.
Tudo isto finalmente para dizer que se a memória é uma coisa tão estranha, me pergunto o que poderá evocar a uma criança de hoje, daqui a trinta anos, uma tarde de compras no Colombo em vésperas de Natal, com as bichas para as caixas e as caixas para os bichas e os Pais Natal que fizeram casting para o programa do Fernando Mendes. Não recomendo a experiência a ninguém. É mais perigoso que dar um mortal à rectaguarda do dorso dum cavalo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"de manhã só é bom é na caminha" (2)

Acabámos de saber que, por razões de índole pessoal do atleta, o prémio só poderá ser entregue da parte da tarde.

"de manhã só é bom é na caminha"

Marco Fortes foi considerado o atleta do ano no/pelo Sporting.

IPA


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Padre Vasco no RCP Hoje 22H 104.3 (ou na Net)


Esta semana no Rádio Clube Português, no «Ao Fim do Dia» do Alexandre Honrado e da Sofia Frazoa, fala-se de Igreja. Hoje, às 22H, fala o meu Grã-Guru Padre Vasco. Não ouçam, não. E depois digam que a Igreja não tem um discurso actual, ou inteligente, ou culto, ou sei lá eu.
Nota: do RCP pedem-me para informar que o «Ao Fim do Dia» pode ser ouvido na Internet em http://radioclube.clix.pt/emissao/ajuda_player.aspx

Eu Acredito nos Astros

Na astrologia é que nem pensar. Dêem-me uma lua cheia até de dia, e eu deixo-me invadir da mais doce languidez, e tudo me parece redondinho no Universo, e até na minha vida. Agora quando me perguntam de que signo sou, fico a olhar para eles. Sei lá de que signo sou. Já faço um esforço do camandro quando falo com uma mulher e me perguntam se é casada, e eu respondo como é que eu hei-de saber e eles então não viste se tinha aliança e eu ah pois. Quanto mais saber o meu signo.
Não digo «eles» por acaso. Nada do que eu digo digo por acaso, mas neste caso acaso ainda menos. Eles na astrologia são piores que os Eles dos Perdidos, os Eles da Maçonaria, e os Eles doutras associações secretas que não posso mencionar agora, or else. O Pacheco Pereira diz que manda uma boca aos pedreiros num almoço e instala-se um silêncio sepulcral, só interrompido pelos assobios negligés. Mas, eu, com a astrologia, é muito pior. Calha dizer num grupo: «Mas expliquem-me lá por que raio é que o sítio onde estavam os astros quando eu pus a cabeça de fora pode influenciar a minha personalidade, ou as minhas perspectivas financeiras?», e de repente tem tudo de ir para casa, que a mulher, e tal. Conto a anedota do arroz de pato, que põe habitualmente gajos que eu nunca vi mais gordos a dar-me palmadões nas costas e a dizer «Este gajo é o máximo», e ninguém se ri. No espelho do elevador, aparece escrito a bâton «Porco Racionalista». E o meu filho de cinco anos pergunta porque é que o fui buscar eu, e não a Mãe. Bref, cai-me em cima a Brigada Anti-Céptica.
Fico com a ideia que eles são mais que as estrelas do céu. Até uma pessoa que eu prezo, chamado Fernando, que escreve umas poesias bem giras, se dedicou àquilo. Amigos que estão a fazer Doutoramentos em Física das Partículas dizem que eu sou tão bem-disposto porque tenho ascendente em Virgem. Mas que tenha cuidado para a semana, que Júpiter está alinhado com Marte. E jornais sérios, como o Público, ou o Cavaleiro da Imaculada, dedicam grandes espaços à coluna astrológica.
Que seja possível prever a vida dos astros, vá. A Britney Spears vai rapar o cabelo e mandar o puto pela janela, a Amy Winehouse vai-se enfrascar, a Paris Hilton vai dormir com um batalhão de Marines, o James Brown vai dentro na quinta. Tudo bem. Agora os astros preverem a minha vida? Naaaa. Chamem-me céptico. Eu sei que sou. Na volta, é por ser Caranguejo.

ler os outros

"(...) O que Odete Santos fez na SIC Notícias, ainda com o balanço da faena dada aos delegados comunas dias antes, foi expressar o quadro mental de grande parte dos professores, activistas e demais simpatizantes deste puro salazarismo. Os cartazes, frases e gestos ofensivos para a pessoa de Maria de Lurdes Rodrigues espelham a condição a-política de quem se reduz a uma subjectividade que constrói um delírio de perseguição. A violência que salta desta juliana de pessoas de todas as idades e currículos partidários, ou cívicos, é uma esplendorosa celebração da democracia. Porque se a democracia não resistisse aos que ainda não a compreendem, ela nunca teria nascido e chegado até nós." (Valupi)

luta de classes (sessão de manifestação de pesar pelas mortes ocorridas no acidente de Camarate)

"(...) E se mais exemplos não houvesse, a forma como decorreu o funeral, em tom de verdadeiro comício, a sua antecipação para o dia reservado para reflexão do eleitorado, entre uma agitada e agressiva campanha eleitoral e o próprio dia das eleições, e a despudorada, encomiástica e interminável cobertura realizada pelos serventuários do projecto AD na RTP, sob a batuta do chefe Proença de Carvalho, evidenciaram os métodos utilizados pelos herdeiros do pensamento político de Sá Carneiro continuadores da sua obra. Utilizaram-se, até à violência psicológica, os nobres sentimentos do povo português, naturalmente chocado e afectado pela brutalidade do acidente que vitimou os membros do Governo e seus acompanhantes. Ao pretender fazer desta sessão da Assembleia da República uma homenagem a Sá Carneiro e Amaro da Costa - como tem sido anunciado em órgãos da comunicação social, à revelia do que ficou decidido na reunião dos grupos parlamentares -, a AD joga, uma vez mais, na expectativa de que a morte dos seus líderes e a forma como foi sentida por grande parte dos cidadãos paralisaria as forças políticas da oposição, levando-as a dar o seu aval a uma homenagem generalizada aos dirigentes políticos da maioria parlamentar, com as consequências políticas que daí adviriam. Não é este o entender da UDP, que em todas as circunstâncias, e em especial naqueles momentos em que a consciência crítica do povo possa ser afectada pela manipulação sentimental, se impõe como missão sagrada. Clarificar as situações e criar condições para que o combate determinado pelos interesses populares não se dissolva no nevoeiro retrógrado do sentimentalismo. Os homens definem-se pela sua prática social e política e pelo seu posicionamento na luta terrível das classes em confronto, que só terá fim com a eliminação das condições de exploração. Nesta luta, os membros do Governo falecidos e que agora se evocam tinham um lugar claro e inequívoco: pela exploração; contra os explorados (...)" - Mário Tomé

razões para ser monárquico

"Muitos ainda dizem que fui roubado pelo Benfica, mas foi ao contrário. O Sporting é que queria raptar-me, mas não conseguiu porque não gosto nada do Sporting. Sou benfiquista" (Eusébio)

Dr. Jekyll and Mr. Hyde

"O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Vicente Moura, não se vai recandidatar ao cargo, "desiludido" com a prestação da maioria dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos de Pequim." (Vicente Moura, Agosto de 2008)

"O presidente do Comité Olímpico de Portugal, Vicente Moura, disse hoje, em entrevista exclusiva ao PÚBLICO, que as críticas feitas pelos atletas olímpicos não alteram em nada a sua motivação para se candidatar às eleições de Março e só reforçam a sua vontade de continuar." (Vicente Moura, Dezembro de 2008)

O mal, está claro, não é do senhor, em situação de evidente inimputabilidade, mas sim daqueles que podem ou não elegê-lo. Mal ou bem, o presidente do COP assumiu um compromisso de resultados perante a tutela, de forma a justificar o pedido de verbas que fez para a campanha olímpica de Pequim. Como se sabe, os resultados não corresponderam ao esperado pelo COP, tendo o seu presidente incumprido o caderno de encargos a que se tinha vinculado. Pior, foi o próprio Vicente Moura que, perante os resultados, decidiu pelo seu pé bater com a porta, anunciando aos ventos que não mais se recandidataria. Pelos vistos, mudou de ideias. Mal. Provavelmente, irá ganhar a eleição, sem que seja responsabilizado: pela sua palavra e pelo seu falhanço. Um retrato cada vez mais habitual de quem exerce cargos públicos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

love songs (3)

Last kiss dos pearl jam (agora vou tomar os comprimidos).

love songs (2)

Quem não ouve é como quem não vê. Continuando com the cure, ide ouvir friday im in love. Não precisam de agradecer.

love songs

Ninguém me encomendou sermão mas não posso assistir impávido à "discussão" que por aí vai sobre love songs. Desde logo, para registar que o Natal continua a amolecer corações. O mais chocante, porém, é haver quem pretenda falar de love songs sem dar à expressão the cure o destaque que se exige. Como aperitivo, vão ouvir how beatiful you are.

BPP - que solução?

Não sou dos que se comovem com o efeito regenerador das falências. Talvez por me interessarem mais as pessoas do que os mercados. Mas sei que elas existem, apesar dos pesares. Os tempos que temos vivido, aliás, mostram-nos à saciedade exemplos de como é ténue a fronteira que separa a "situação difícil" da pura "incapacidade de cumprir compromissos". E o Estado, a estas situações, não deve responder como Pilatos.
Parece que a situação do BPP nada tem que ver com o que veio a revelar-se ser a do BPN. Este, ao que tudo indica, é antes de mais um gravíssimo caso de polícia. Aquele, parece que não. É evidente que as dificuldades do BPP, caso se agudizassem até ao ponto do não retorno, não teriam os efeitos negativos que a falência do BPN necessariamente traria ao sistema financeiro. Mas não creio serem levianas as preocupações do Ministro das Finanças. Diria, nessa medida, que uma intervenção se recomendava. Não necessariamente a que veio a ser escolhida.
Sejamos claros: o BPP morreu! Acabou! Não tem ressurreição possível. Um banco, qualquer banco, mas sobretudo um com aquelas características, vive da confiança. E essa, a não ser que me engane muito, não voltará a ser ali depositada. Por isso, o que julgo que havia que fazer não passa pela injecção de capital, devidamente remunerado, para salvar o insalvável. O que se exigia era uma intervenção no sentido de garantir uma "morte digna". Ao bom estilo da eutanásia. Acorria-se às situações urgentes, fazendo fé no princípio de que os activos do banco assegurariam o esforço do erário público, mas numa óptica de extinção. Os accionistas suportavam as decorrências do risco que aceitaram assumir, os credores - clientes incluídos - recebiam o que lhes cabia, dando-se tempo bastante para que os trabalhadores pudessem (com eventuais sacrifícios a acordar) mudar de vida. Qualquer outra solução mais não é, segundo penso, do que empurrar com a barriga um problema. Um, talvez até, mais sério problema. Porque isto não vai ficar assim. Agora, incha.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Bom e o Bonito

Na voragem consumista deste mundo de palavra fácil, mas quase nunca sensata, as melhores palavras sofrem uma erosão injusta e indevida. A mais paradigmática é «caridade», que tardamos a dissociar de chás de dondocas.
Outra é «bom». De cada vez que alguém a diz vem, na melhor das hipóteses, à ideia um escuteiro apostado em atravessar a velhinha, queira ela ou não. «Bom» é ingénuo, fraco, ou lunático.
Assim, Cristo, que goza apesar de tudo de uma tolerância nos meios fracturantes de que não desfruta o povo que é suposto representá-Lo , é apresentado como bom. Leia-se, bom rapaz. Com umas ideias boas. Bem-intencionado. Um bom pateta.
Estes «sábios» autoexcluem-se da verdade, que é reservada aos «pequeninos». Do alto das suas torres de marfim, decretam todas as denotações e conotações do «bom» e passam ao lado de tudo o que é bonito.
Neste mundo onde o caos parece sempre mais fácil e provável, onde as leis da entropia decretam que é mais plausível um copo fazer-se em cacos que os cacos se organizarem em copo, a beleza é a promessa da harmonia suprema. Está-nos nos genes, porque quem passou a pensar, e assim largou a pele de macaco, exige um sentido, e bom. Não vale a pena pensar, se é para sofrer com a inexorabilidade de um mundo feio e boçal. Tem de haver mais qualquer coisa. E essa qualquer coisa tem de transcender o que os olhos vêem e os ouvidos ouvem. Tem de ser bela.
Belo é o Sermão da Montanha. Bem-aventurados os pobres. Belo é o Magnificat. Derrubou os poderosos dos seus tronos e aos ricos despediu de mãos vazias. Belo é o discurso para a adúltera. Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra. Belo é olhar para a dureza do Homem, quatro mil anos apenas depois de inventar a escrita, contemplar a fealdade do coração do humano que ontem era hominídeo, e ver uma semente de beleza, e esperar que cresça. Belo é acreditar no impossível, e exigi-lo realistamente.
Belo é ser louco. Poderiam ser assim tão loucos os quasi-analfabetos que inventaram as escrituras a que viemos a chamar sagradas? De onde retirariam tamanha inspiração? Como, sozinhos, veriam a bela no monstro? Como divisariam sozinhos tamanhos amanhãs cantantes? Como se elevariam por si sós, sem ajuda do alto, Salomão e os outros poetas dos Salmos, que nos libertam das nossas cadeias humanas? Escreveste isso sozinho, ou pediste ajuda ao teu irmão mais velho?
Para falar assim de Deus, só Deus. Ainda que pelos nossos lábios, e pela nossa pena. Chama-nos à bondade porque nos chama à beleza. Diz-nos que é possível, contra tudo o que nos afirma este mundo vendido, acomodado, prostituído, desanimado, descrente, céptico, velho, adiposo, cansado, míope, farto, anafado, alienado. E para o provar, porque não nos basta ver a Beleza, ainda exigimos um sinal palpável, sujeita-se à fealdade última de ver a Sua carne pendurada ignobilmente num madeiro, porque não suporta contemplar sozinho a Beleza que criou. Faz tudo por nos puxar para cima. Onde tudo é bom, porque tudo é belo. Hoje vemos como por um espelho. Um dia veremos face a face. Vai ser bom. Vai ser insuportavelmente belo.

Viva Portugal livre!

O dia 1 de Dezembro não é só o Dia Mundial da Sida. É também o Dia da Restauração da Independência de Portugal. O dia em que se evoca a capacidade de sermos senhores do nosso destino.


«Do fundo da história vem uma certeza que os monges de Alcobaça redigiram numa das mais belas frases da monarquia portuguesa: "O rei é livre e nós somos livres!".
Neste convento do Beato, situado na Lisboa Oriental onde se começou a conspirar para o 1º de Dezembro, deixai-me hoje proclamar: "Eu sou livre e vós sois livres!". "Eu sou livre" e "Vós sois livres" porque ser monárquico é também defender Portugal acima de todos os interesses. Juntos poderemos renovar a democracia portuguesa pela Instituição Real que só poderá vigorar por vontade do povo, com o povo e enquanto o povo o entender.»
in Mensagem de S.A.R. o Duque de Bragança aos Portugueses (1 de Dezembro de 2008).

A música e a escola

Lembrava hoje o Fernando Alves, no seu "Sinais" da TSF, o trabalho notável de Paulo Lameiro. Os seus concertos para bebés contam já com uma década de existência e tornaram-se o espectáculo musical de maior audiência destes últimos anos. São 10 anos a divulgar a música e a celebrá-la juntos dos mais pequeninos. Não para que eles sejam mais inteligentes, como explica, mas para que as crianças possam, apenas, sentir a música. A música clássica. A música dos clássicos.
Parece que tem sido um sucesso, esta iniciativa. Acredito que boa parte dos que levam as suas criaturinhas aos concertos, nunca foram a um espectáculo deste género e não têm discos de música clássica em casa. E acredito até que se comovam com o espanto com que os filhos recebem aquelas sonoridades, para eles estranhas.
Sempre fui de opinião que a escola não pode substituir a família. Antes a deve complementar. Ainda que não seja tão fracturante quanto os tempos modernos exigem, a divulgação da música, desta música, devia ser uma missão da escola. As crianças deviam ouvi-la e saber ouvi-la. Até lá, antes dos concertos que vai havendo, alguém tem de pedir aos paizinhos para evitarem as palminhas...