terça-feira, 30 de dezembro de 2008
muito aconselhável (na íntegra)
"Além de lorpa, a Assembleia da República está povoada por juristas que devem tirado o curso em fascículos da Farinha Amparo. E apenas acolhe uma imensa massa bovino-obediente que responde a impulsos que lhe chegam por telemóvel ou através de ordens perpetradas na secção do partido. Entristece-me, pois, ver pessoas minimamente qualificadas como António Filipe ou Paulo Rangel a fazerem a figura que têm vindo a fazer a propósito de uma lei ordinária inconstitucional. De Canas, do PS, nem vale a pena falar. Não se comenta a miserável "voz do dono". Dito isto, talvez Cavaco tenha finalmente percebido o tipo de gente com quem tem de conviver institucionalmente. Deu sinais disso. Do Bloco ao PP, passando pela pusilanimidade do seu antigo partido, todos se comportaram vergonhosamente na questão dos Açores. "Absurdos" é pouco. Daqui para diante Cavaco deve-lhes o mesmo respeito que eles manifestaram pelo Chefe de Estado. Ou seja, nenhum. A lealdade aprende-se com os cães e jamais com os homens, sobretudo com homens "feitos" nos vãos de escada dos partidos. Esses, como disse um dia Mitterrand de parecidos doutra profissão, são mais de atirar a honra aos cães como quem lhes atira um osso. Cavaco não precisa dissolver a inutilidade conhecida por "casa da democracia" por causa disto. Seria manifesto disparate. Não. Basta-lhe assistir à lenta dissolução deste simulacro de democracia entregue a uma mão cheia de idiotas úteis. A lealdade, a verdadeira, é fantasticamente cruel. E como outra coisa, deve servir-se gelada." (João Gonçalves)
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