quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Procuro mas não encontro 3

O regulamento das eleições directas do CDS prevê que os candidatos à liderança têm o direito de ver os seus Documentos de Orientação divulgados no site do partido.
Mais do que um direito para o candidato, isto constitui um dever para os organizadores da eleição e é mesmo a única prova pública de que os documentos foram entregues em devido tempo.
Onde é que eles estão?

Procuro mas não encontro 2

Dizia o Expresso do passado Sábado que o Documento de Orientação Política de Paulo Portas - que ainda estava a ser escrito no último dia do prazo - seria divulgado esta segunda-feira.
Alguém o viu?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CHAMPIONS: Vós, que rachais lenha, sois pelo Kiev, ou do Arsenal, do Fenerbahçe e mais do diabo que vos carregue.
A nós, basta-nos ser do Futebol Clube do Porto.

Procuro mas não encontro

Onde estão os Documentos de Orientação Política que os candidatos à liderança do CDS deveriam ter apresentado até às 24 horas do passado dia 21?

cumpra-se a lei

O Alberto João é que sabe (Resolução da ALR da Madeira n.º 24/96/M, página 4546).

risco contínuo

O meu amigo João Távora, o Duarte Calvão e o Paulo Cunha Porto, entre outros ilustres, lançaram hoje o Risco Contínuo. A ler assiduamente.

25.11

No dia 25.04.74 acabou a ditadura do Estado Novo. No dia 25.11.75 começou a democracia. Celebremos, pois.

A Igreja é e sempre foi instrumento de opressão!

"...é necessário, com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida. O século passado destruiu, sem as substituir por coisa alguma, as corporações antigas, que eram para eles uma protecção; os princípios e o sentimento religioso desapareceram das leis e das instituições públicas, e assim, pouco a pouco, os trabalhadores, isolados e sem defesa, têm-se visto, com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desumanos e à cobiça duma concorrência desenfreada."
S.S. o Papa Leão XIII, Rerum Novarum
Isto foi escrito em 1891. Não mudou quase nada. A Igreja continua, com excepção de alguns bispos libertários, na senda do obscurantismo. Malandros!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Chávez ganha maioria dos Estados mas perde Caracas...

Assim de repente, lembro-me de um outro sujeito muito popular no interior...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

IPA


"left" wing...

As part of what will be the most significant reorganization of the US intelligence community in decades, the Obama administration seems set to establish a new intelligence agency to spy inside America. (Spectator)

o mais grave mesmo é o tempo verbal

"(...) dentro de pouco tempo o Sporting morreu." (Dias da Cunha)

ler os outros

(...) Luís Filipe Menezes não é um sabiá, foi afastado da direcção do PSD. Depois disso, de cada vez que canta, soa a amargo. Nota-se a intenção de ferir os seus. Que, de facto, são culpados: deram-lhe deliciosos momentos de liderança para o qual, provou-se então e prova-se ainda mais agora, ele não estava preparado. Virou ressabiado. (Ferreira Fernandes)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Adivinha

Qual é a coisa, qual é ela, que antes de ser contra o Pacto de Justiça não era?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

2 em 1

Entre aqueles que percebem e se revêem na declaração de Manuela Ferreira Leite (no seu sentido sarcástico) e aqueles que concordam com a declaração de Manuela Ferreira Leite (no seu sentido literal), ainda arranjamos uma maioria democrática para governar.

A melhor arma de defesa...

...contra o ziguezagueante, posto que confrangedor, tacticismo político, capaz de abastardar princípios e transformá-los em meros instrumentos de uma propaganda fugaz, ao contrário do que pode pensar-se, não é a suspensão da democracia. É a memória.

mfl (3)

"(...) Tenho-me sempre pronunciado no sentido de que não é possível, em democracia, fazer uma reforma do ensino contra a vontade generalizada dos professores, como fazer uma reforma da saúde contra os médicos e os enfermeiros ou uma reforma da justiça contra os magistrados (...)"
Não, não foi a Manuela Ferreira Leite que o disse. O autor do texto chama-se Mário Soares e é para muitos dos que ontem crucificaram Manuela Ferreira Leite o pai da democracia portuguesa. Como se não bastasse, acontece que o texto foi ontem publicado, horas antes de mfl falar. Temos agora duas hipóteses. Ou Soares deu em reaça ou mfl plagiou o grande democrata. A canalha que escolha.

ler os outros

"(...) Tenho horror a manadas, sobretudo quando empurradas. Manuela Ferreira Leite tem todo o direito em achar os portugueses inteligentes para entenderem uma ironia. Pelos vistos, é um risco. Mas eu prefiro frases que parecem ser o que não são a indignações que são exactamente aquilo que parecem. Manuela Ferreira Leite não disse, não quer, não sugeriu suspender a democracia." (Ferreira Fernandes)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

mfl (2)

Os abutres esfregam as mãos de contentamento. Suspeito que o Menezes não perca a oportunidade para pedir a cabeça da senhora. Adiante. Comentários do género ela não quis dizer aquilo, mas de facto o comentário é bastante infeliz... serão os mais ouvidos e lidos nas próximas horas.  Pouco mais que lamentáveis, digo eu. Ou se aceita que a senhora estava a ironizar, dada a forma como o governo tem vindo a impor algumas reformas, o que torna as palavras proferidas por mfl completamente irrelevantes, ou então defende-se que ela preconizou a suspensão temporária da democracia, o que, digo eu, é no mínimo uma infantilidade. Seja como for, a boa fé de quem se dedica ao comentário político vai ser escrutinada nas próximas horas.

mfl

As declarações de Manuela Ferreira Leite podem ser ouvidas aqui. Eu não sou advogado de defesa da senhora, mas quer parecer-me que a líder do psd estava a acusar o governo de pretender fazer reformas, à semelhança do que fazem os regimes não democráticos, contra tudo e contra todos. Mas isso sou eu. Estou certo de que o episódio, apesar de irrelevante, será aproveitado dentro e fora do partido, de forma a enterrar as poucas hipóteses que havia ainda para evitar a maioria absoluta do actual governo. Veremos logo mais com a abertura dos telejornais.

Eu também acho, mas não sou candidato a PM


Ferreira Leite pergunta se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para pôr "tudo na ordem". Pimba. Passou-se. Agora vai ser trucidada. Quer dizer, ainda mais trucidada. Cortada às postas. Desintegrada, pronto. Suponho que vai dizer que estava a ser irónica. Mas já é tarde. Agora Sócrates vai perpetuar-se. Sem precisar de 6 meses de pedimos desculpa por esta ditadura a democracia segue dentro de momentos. O sacaninha é mais esperto do que eu pensava. Agora até pode dar-se ao luxo de pedir a demissão da líder da oposição.
Socorro. Quem está mal neste país, mude-se. O último a sair feche a luz do aeroporto.

Ensaio sobre a cegueira


Quando Jesus saiu dali, seguiram-n'O dois cegos, gritando: «Tem piedade de nós, filho de David». Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se d'Ele. Então Jesus perguntou: «Credes que Eu posso fazer isso?» Eles responderam: «Sim, Senhor». Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: «Que aconteça conforme acreditastes». E os olhos deles abriram-se. Então Jesus ordenou-lhes: «Tomai cuidado para que ninguém o saiba». Mas eles saíram e espalharam a notícia por toda aquela região.
(. .) As multidões ficaram admiradas, e diziam: «Nunca se viu uma coisa assim em Israel». Mas os fariseus diziam: «É pelo príncipe dos demónios que Ele expulsa os demónios».

Mt 9, 27-34

fim da linha - mau aluno

"Bottom of the pile came Portugal's Fernando Teixeira dos Santos, dragged down by a poor national economic performance and his low European profile." (Financial Times)
Teixeira dos Santos é muitas vezes apontado como um dos poucos ministros que escapa à mediocridade que grassa no actual elenco governativo. No entanto, veio agora o Financial Times classificá-lo em último lugar na lista de 19 ministros das finanças europeus. Dando o respectivo desconto a rankings deste género, a verdade é que a análise do FT é demolidora e diz bem da incompetência do governo socialista. Se bem conhecemos o primeiro ministro Sócrates, o mais provável é que venha, com a arrogância insuportável que o caracteriza, assobiar para o lado a acusar o FT de incompetência, como fez recentemente com o FMI. Para mim, no entanto, mais preocupante que os resultados agora divulgados, ou o autismo habitual do sr. Sócrates, é o facto de as sondagens continuaram a atribuir a quase maioria absoluta aos inimputáveis que nos governam. É que, se por um lado, cada país tem o povo que merece, por outro, a verdade é que cada povo tem o governo que merece.

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (8)

"Importa garantir que a comunicação social constitua um efectivo instrumento de informação e de formação livre e plural na sociedade portuguesa. Para isso, é necessário promover uma política para o audiovisual assente num sistema de regulação independente e eficaz dos media, num serviço público de televisão forte e credibilizado no quadro de um sistema dual equilibrado e numa indústria de conteúdos dinâmica, criativa e economicamente sustentável. Em nenhuma circunstância a liberdade de informação pode ficar refém de interesses económicos ou políticos. A concentração da propriedade dos media pode pôr em causa o efectivo pluralismo e a independência do serviço público de informação." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (7)

"O Governo terá como uma das suas prioridades a revisão da Lei do Arrendamento Urbano e compromete-se a apresentar na Assembleia da República essa iniciativa legislativa nos primeiros 100 dias do seu mandato. Esta iniciativa, a elaborar tendo por base as propostas anteriormente apresentadas na Assembleia da Republica pelo partido da actual maioria, terá em conta, também, todo o debate já travado na sociedade portuguesa sobre este tema e apostará na dinamização do mercado de arrendamento, por via do aumento da oferta de imóveis para arrendamento, da mobilidade e da promoção do acesso de famílias e agentes económicos a esse mercado. Esta reforma permitirá a actualização gradual das rendas sujeitas a congelamento dos imóveis que se encontrem em bom estado de conservação, minimizando os riscos de rupturas sociais ou económicas, incluindo no que se refere ao arrendamento comercial. O regime jurídico a adoptar consagrará, ainda, um melhor e justo equilíbrio na salvaguarda dos direitos dos inquilinos no quadro das acções de despejo. Sendo fundamental agilizar os contratos, será ampliada também a liberdade das partes na respectiva negociação. Dar um novo impulso à liberalização do mercado da electricidade, em todos os seus segmentos (produção, distribuição, comercialização) e antecipar o calendário de liberalização do mercado do gás natural, aumentando a penetração desta fonte de energia no território e dando nova competitividade às empresas e uma oportunidade de desenvolvimento a algumas zonas do País." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (6)

"Assim, numa perspectiva de integração, enfrentamos um duplo desafio: reforçar os mecanismos de integração dos imigrantes, e estender-lhes um conjunto mínimo de mecanismos de protecção social idênticos àqueles de que desfrutam os portugueses." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (5)

"O Governo considera importante garantir a efectiva não discriminação das diferentes situações familiares, bem como a regulamentação e aplicação do Regime Jurídico das Uniões de Facto e da Economia Comum." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (4)

"Recuperar a confiança exige, igualmente, apresentar soluções e não passar o tempo a criticar os Governos anteriores." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (3)

"A agenda económica do Governo tem como objectivo aumentar, de forma sustentada, o crescimento potencial da nossa economia para 3%, durante esta legislatura. Só com o crescimento da economia poderemos resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais. Portugal deve ter como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (2)

"Elevar a qualidade da nossa democracia, reforçando a credibilidade do Estado e do sistema político e fazendo dos sistemas de justiça e de segurança instrumentos ao serviço de uma plena cidadania." (Programa do Governo)

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (1)

"A estratégia do Governo aposta na recuperação da confiança para lançar uma dinâmica de crescimento progressivo da economia, que permita também combater o desemprego e reduzir as desigualdades sociais." (Programa do Governo)

qual governo?

"O Governo leva muito a sério os compromissos e documentos que assina" (Augusto Santos Silva)

João Miguel Tavares

"(...) Se José Sócrates encontrasse um dos seus ministros a tentar arrombar um cofre com um berbequim diria aos jornais que ele estava só a apertar um parafuso. Afinal, também no caso da sua licenciatura o primeiro-ministro não viu nada de eticamente duvidoso nem de moralmente reprovável. Ora, o que me faz impressão não é que esta gente que manda em nós atraia a trafulhice como o pólen atrai as abelhas - isso faz parte da natureza humana e é potenciado por quem frequenta os corredores do poder. O que me faz impressão é o desplante com que se é apanhado com a boca na botija e se finge que se andava só à procura das hermesetas. É a escola Fátima Felgueiras, que mesmo condenada a três anos e meio de prisão dava pulinhos de alegria como se tivesse sido absolvida. Nesta triste terra, parece não haver limites para a falta de vergonha." (DN)

atenuação especial da pena (tendo em conta o destino do produto do ilícito)

Segundo as autoridades, a droga era utilizada para financiar as actividades dos “No Name Boys”, nomeadamente para pagar os ingressos nos jogos de futebol e viagens. (Público)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

estes gajos são muito bons

José Sócrates esteve na Escola do Freixo, em Ponte de Lima, a entregar computadores aos alunos do 1.º ciclo. Mas, depois de o primeiro-ministro ir embora, as crianças tiveram de devolver os Magalhães (SOL)

tudo o que se me oferece dizer sobre a crise na educação

Quem é o próximo ministro?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

E já agora...

... essa alma caridosa poderia alertar o dito cujo para que o facto de Portugal não ter entrado em recessão este trimestre, como aconteceu com outros países da UE, não são propriamente boas notícias, dado a nossa economia ser altamente dependente precisamente dessas economias que entraram em recessão (Alemanha e Espanha, entre outras).
Deus queira que me engane, mas a nossa recessão não deve tardar. E não, Sr. Primeiro Ministro, não somos pessimistas, mas também não alinhamos em demagogias.

Há por aqui alguma alma caridosa...

... que explique ao Sr. Primeiro Ministro que variação homóloga é a verificada em relação a igual período do ano anterior, e não em relação ao período anterior.
Haja vergonha!

fnv

Não sei se já o tinha dito, mas o Filipe Nunes Vicente é um dos melhores bloggers aqui do burgo. Escreveu um livro. Vão comprar. Outra coisa, não menos importante: o Filipe é um benfiquista ferrenho (aka bom pai de família).

teste político

Estranhamente, a mim deu-me centro-direita antiliberalismo.

Ouvir quem sabe

"The current crisis reminds us that, in a free economy, the price of the greatly improved long-term performance that only free economies can provide is an ineradicable economic cycle. As J.M.Keynes pointed out in the 1930s, the cause of the cycle is alternating moods of optimism and pessimism, and its motor is credit, which enables optimism to determine economic activity.
There has been since a massive growth of consumer credit, which amplified the business cycle and prolonged the recent upswing ([...]US consumer indebtedness=139% of disposable income; UK=173%).
The unsurprising consequence of such excess is that individuals and financial institutions must now retrench to rebuild their balance sheets. That is why this is not merely a financial crisis, but an economic crisis. A more prolonged recession than is currently expected is almost inevitable.
What, then, needs to be done? Government and central bank action, around the world, must have two objectives. The first is speedy intervention to prevent self-perpetuating downward spiral, which means protecting depositors at minimal long-term cost to taxpayer. The second is to ensure so far as possible that future booms are less exaggerated."
Nigel Lawson
(Lord Lawson é um conservador britânico, que foi Chancellor of the Exchequer no Governo de Margaret Thatcher)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

SERVIÇOS ATENDIMENTO PÚBLICO - TAKE 2

A minha incursão (forçada...) pelos serviços públicos dá direito a mais um post.
A SITUAÇÃO:
Pedido do abono pré-natal (essa bandeira deste Governo no apoio à maternidade!) na Segurança Social.
A TEORIA:
Primeiro passo: imprimir os formulários directamente da internet. Bom começo!
Segundo passo: ligar para a Segurança Social Directa para confirmar umas coisinhas: documentos necessários, serviços de atendimento, horários, etc.
Mais uma vez, tudo pareceu extremamente fácil: levo os formulários já preenchidos, cópia do BI, declaração de IRS, certificação médica do tempo de gravidez e dirijo-me a qualquer balcão da Segurança Social (não necessariamente ao da minha área de residência).
Optei pelo balcão perto do meu local de trabalho. Liguei para lá para confirmar as informações (gato escaldado de água tem medo!!!). Dado já ser meio-dia, aconselharam-me a ir só às 14h. "Faz sentido", pensei eu, "todas as pessoas devem, como eu, aproveitar a hora do almoço para tratar destes assuntos e depois das 14h estará menos gente".
A PRÁTICA:
Na Seg. Social de Paço de Arcos há uma funcionária que dá as senhas. Isso, carrega no botão da maquineta, sai a senha e entrega-a ao beneficiário. Nos quase 45min que lá passei, não me apercebi que tivesse qualquer outra função... A mim, na minha condição de prioritária, deu-me uma senha "manual", que não saiu da máquina, feita ali na hora. E disse-me que seria atendida no balcão 2 quando a sua colega chegasse.
Não sei se estão a ver o filme: o balcão de atendimento a grávidas, idosos e deficientes não funciona à hora do almoço, reabrindo quando a funcionária chega. Lá está a explicação para me aconselharem a não ir antes das 14h. Balcão prioritário, hã?
RESULTADO:
Como até nem estava casa cheia, aconteceu o caricato de serem atendidas antes de mim pessoas com senha do atendimento geral que chegaram depois!!
Eu só fui atendida às 14h15m, depois da funcionária, que chegou pontualmente às 14h, arrumar a mesa e pôr alguns assuntos "urgentes" em dia.
Tudo muito Simplex!

MJNP

"(...) Para tudo isto deve haver uma resposta, imagino eu, mas ou não foi dada ou não está a ser ouvida. Em qualquer dos casos a situação deteriora-se com a opção da rua como o fórum próprio, a tentativa do Governo em transformar este protesto numa fuga à avaliação por parte dos docentes e, o que me parece mais grave, o permanente desviar das atenções, energias e recursos da função principal que é a de educar. E essa é que é a questão. Na batalha campal da avaliação vai-se perdendo tempo, razões e a própria perspectiva do que realmente está em causa e que vai muito para além do que se vê: quem não se lembra de como os sucessivos governos caíram na tentação de tapar as deficiências do sistema educativo com o artifício das estatísticas? E do extraordinário estatuto disciplinar do aluno, aprovado no primeiro Governo de Guterres, que consagrava um aluno visto como um pequeno animal doméstico mal ensinado e retirava aos professores toda a autoridade, componente essencial da dignidade e eficácia do seu magistério? E as medidas facilitistas que foram eliminando provas, esforços e méritos? Fraquezas, tentações e erros que estão, agora, a pagamento." (Maria José Nogueira Pinto, no dn)

ler os outros

"(...) A substância deste assunto é toda ela política. O que o caso demonstra é que o actual presidente da Autoridade da Concorrência nunca irá importunar grandemente o Governo, mesmo que isso seja necessário como muitas vezes é. A sua imparcialidade e distância estarão sempre sob suspeita. Não sei para que servem estes organismos de regulação se não for para o trabalho difícil de "criar chatices", sobretudo junto dum Governo com o apetite intervencionista como o nosso. De regulação reverente da escola "Vítor Constâncio" que nunca quis importunar os velhos "amigos" da política por acaso também banqueiros, já estamos todos um pouco cheios." (Pedro Lomba, no dn)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A FRAUDE: COMO VENDER GATO POR LEBRE

A SITUAÇÃO:
Preciso de fazer o BI para a minha filha de 3 anos e preciso de o ter disponível em 2 semanas.
Sou informada de que já não se fazem BIs, só cartão do cidadão.
A TEORIA:
Procuro informação no site do cartão do cidadão: muito explicativo, cheio de FAQs e esclarecedoras respostas. Parece tudo muito simples: só em Lisboa temos mais de uma dezena de locais de atendimento, alguns com horários alargados; não precisamos de apresentar qualquer documento, apenas levar a criança; podem-na acompanhar os pais, irmãos maiores, avós, ou quem exerce o poder paternal, desde de que devidamente identificados.
Como desconfio de tanto Simplex - ou sou precavida - ligo para a linha telefónica dedicada ao cartão, na expectativa de que me confirmem toda esta simplicidade de viva voz, o que sabe sempre melhor. E não é que confirmaram mesmo?
A PRÁTICA:
A avó da criança disponibiliza-se para tratar do assunto. Dirige-se à Loja do Cidadão dos Restauradores e...nada feito: só a Mãe ou o Pai podem tratar deste assunto. Mas...mas... "pois é minha Sra., a informação do site deve estar mal".
Quase simultaneamente ligo para a linha do cartão do cidadão e sou informada de que o site está bem, a Loja do Cidadão é que não! A coordenação é o que se vê...
Voltamos lá, desta feita eu e a minha filha. Novos entraves: tenho que levar o boletim de nascimento dela; e, se ela já tem NIF e cartão de utente, tenho que os apresentar também. A coincidência de informação é o que se vê...
Mas desta vez fiz-me cara e não arredei pé: "não foi essa informação que obtive na linha do cidadão, mas sim que nenhum documento era necessário porque toda a informação está em rede". Acho que, no meio desta telenovela, até tive sorte porque consegui que o processo tivesse início. Dados pessoais, filiação, fotografia digital, altura (à antiga) ... e, "não, não tiramos a impressão digital porque a máquina não apanha impressões tão pequenas"!
Confesso que isto foi o que mais me impressionou! Nos dias que correm, isto é um decréscimo de segurança inadmissível! O meu primeiro filho teve que tirar o BI com 1 semana e lá tem a sua marca, única, só sua! A segunda não tem direito porque a máquina não apanha!
RESULTADO:
Preciso do cartão em 2 semanas mas nada me garante que o consiga, pois "está a demorar 1 semana a 30 dias". E não, não há sequer a possibilidade de fazer um pedido urgente, não está tabelada uma taxa de urgência, embora esteja prevista. É o Simplex no seu melhor!
Last but not least: para levantar o cartão tenho que ir lá eu (só eu, insubstituível na condição de quem requereu o cartão) ... e a minha filha, para confirmação dos dados!
Nos tempos do velhinho BI, qualquer pessoa devidamente identificada o podia levantar, tendo até existido a possibilidade de ser enviado por correio.
Mas isso era no tempo do Compliquex!

Mural da história

Em Viseu dois jovens comunistas foram apanhados em flagrante a pintar uma inscrição divulgando um congresso num túnel municipal. Acusados do crime de dano, a inscrição transmutou-se rapidamente num mural e os vândalos em artistas defensores da liberdade de expressão. Uma excelente oportunidade para afrontar a ordem conservadora e cunhar um sólido passado de luta anti-fascista, portanto.
Curiosamente, ou talvez não, o jornalista que relata o facto persiste em chamar "mural" à coisa grafada quando o tribunal expressamente afastou esta qualificação. Fica claro que para o DN, ou pelo menos para Amadeu Araújo, autor da peça, não há dúvidas entre uma sentença de um tribunal e a opinião da JCP e da inevitável camarada Odete, a impalatável paladina do bolchevismo mais atávico.
Tem graça ver como os defensores dos democráticos regimes da Coreia do Norte, do Laos, do Vietname e de Cuba elevam a liberdade de expressão à categoria de direito absoluto quando lhes convém. Pena é que lhes convenha tão pouco.

a expiação de Constâncio

"(...) Vítor Constâncio disse que não se demite, porque «nada» lhe pesa na consciência." (tsf)
O que Constâncio não percebe, à semelhança do que acontece com muitos titulares de cargos públicos, é que ninguém está interessado em expiar os seus pecados. O que aqui está verdadeiramente em causa não é uma questão de consciência mas sim de competência. É por isso que Constâncio, em vez de meter a mão na consciência, devia assumir os seus erros, demitindo-se.

JLP

"O escritor Jacinto Lucas Pires é o vencedor do Prémio Europa - David Mourão-Ferreira, atribuído pela Universidade de Bari e pelo Instituto Camões. O prémio vai permitir a tradução e publicação das suas obras nos países da União Europeia e do Mediterrâneo." (Público)

Nem só de más notícias vive o Mundo. Quem quiser ler o que o Jacinto escreve fora dos livros, pode ir ao seu blogue.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Valeu a pena?

Desenganem-se aqueles que esperam o previsível remate pessoano à pergunta que acreditam ser retórica. Não há nada retórico na constatação de que há coisas e causas que nos tomaram dedicação e tempo e esforço e que, muito provavelmente, não os mereceram. Tudo isso torna pouco adequado como resposta o mantra optimista desgarrado em que se converteu a frase de Pessoa. A verdade é que nem sempre o tamanho de uma alma influi no quanto as coisas valem ou deixam de valer a pena. Nem essa validade intrínseca se pode aferir apenas pela maior ou menor grandeza das almas tocadas por elas. O tudo que vale a pena é bem menos total do que parece.

apostasia

"O CDS-PP afirmou hoje que espera "esclarecimentos públicos" do ministro da Economia, Manuel Pinho, e do presidente da Autoridade da Concorrência, Manuel Sebastião, por este ter sido procurador do ministro em negócios privados." (Público)
Não tenho memória de outro Governo com tantos casos e trapalhadas.  Mas o que mais impressiona no meio disto tudo são as sondagens que conferem a quase maioria absoluta ao PS. Das duas uma, ou nos habituámos ao chiqueiro e convivemos bem com a mediocridade ou então temos um problema sério de ausência de alternativa. O que não me parece possível é que continuemos amorfos a assistir à diatribe de gente incompetente e duvidosa seriedade.

o golo

domingo, 9 de novembro de 2008

PARABÉNS NA TAÇA:
Podia ter acontecido Taça mas ganhou o melhor, o que desportivamente é sempre bom. De todo o modo, é de felicitar ambas as equipas. Quer a derrotada quer a vencedora porque o jogo foi mito empolgante, desportivamente emotivo e muito combativo. Felicita-se assim a equipa perdedora porque está habituada a isso e prossegue a sua caminhada supostamente maravilhosa com o esplendor que só uma comunicação social muito dedicada e trabalhada permite. Felicita-se a equipa vencedora porque merece. E o merecido é devido.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

depende, Bernardo

Quem é que ia atrás no carro, o António Filipe ou o motorista?

lápis azul

No Centenário da República, o João Távora fala dos Ridículos. Vão ler e constatem a actualidade do texto.

coisas realmente importantes (suspeito que o fnv não concorde)

(...) Já temos Aimar como presidente-em-campo da equipa, verdadeiro artista de letras e outras figuras de estilo, e Suazo como temível arma do nosso “poder executivo”, tiros que decidem, que marcam, que resolvem. É este ano, é agora, sim. Escrevam o que vos digo: desta vez é que é. (Jacinto Lucas Pires)

pântano

Há dias, nos EUA, assistiu-se a uma demonstração impressionante de participação democrática, numa votação histórica (leia-se em percentagem de votantes). 
Ontem, na Madeira, um deputado do PND, com vocação de palhaço, decidiu acusar o seu principal adversário político de ser nazi, desfraldando uma bandeira com o símbolo nazi
Hoje, de manhã, quando faltavam poucos minutos para as 10:00, o presidente da AR leu uma mensagem do PR perante uma plateia de menos de 50 deputados (eles são 230) - imagina-se que os demais estivessem ainda na caminha, porventura com o Marco Fortes. 
Quando faltam poucos meses para que se inicie um intensivo ciclo eleitoral, que compreende legislativas, autárquicas e europeias, assistimos ao que de pior se pode fazer em política. Tudo isto acontece sem que ninguém se indigne. Tudo isto acontece sem que os principais responsáveis políticos reajam.
A título pessoal, gostaria que o presidente que eu ajudei a eleger não se conformasse com o status quo e, logo à noite, à hora de jantar, sem medo das leituras políticas possíveis, se dirigisse ao país, exigindo maior responsabilidade aos titulares de cargos políticos e chamando à liça todos aqueles que não têm sabido honrar a camisola que vestem. 

Senhoras donas, por favor!

Não me aproximo muito das ideias desta senhora, mas a excepção confirma a regra. Gosto especialmente da parte que destaquei.

Por Alice Vieira
Cada país (cada língua, cada cultura) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas. Mal passamos Vilar Formoso, logo toda a gente se trata por tu, que os espanhóis não são de etiquetas nem de salamaleques.
Mas nós não somos espanhóis.
Também não somos mexicanos, que se tratam por "Licenciado" Fulano. Nem alinhamos com os brasileiros, para quem toda a gente é "Doutor", seguido do nome próprio: Doutor Pedro, Doutor António, Doutor Wanderlei, etc..
Por cá, Doutor é seguido de apelido, e as mulheres, depois de passarem por aqueles brevíssimos segundos em que são tratadas por "Menina", passam de imediato-- sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres -à categoria de "Senhora Dona".
Mas parece que uns estranhos ventos sopraram pelas cabeças das gerações mais novas que fizeram o "dona" ir pelos ares ou ficar no tinteiro. Quando recebo daqueles telefonemas que me querem impingir tudo o que se inventou à face da terra-- desde "produtos" bancários que me garantem vida farta, até prémios que supostamente ganhei por coisas a que nunca concorri-sou logo tratada por "Senhora Alice." Respondo sempre: " trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice".
Mas o cérebro destes pobrezinhos não foi formatado para encontrar resposta a estas coisas, e exclamam logo: "ah, então não é a Senhora Alice que está ao telefone!"
Eu sei que isto não é uma coisa importante, mas que é que querem, irrita-me quando oiço este tratamento dado às mulheres.
Tal como me irrita quando vejo/oiço um jornalista tratar por você alguém com o dobro da idade dele.
É uma questão de delicadeza. De respeito. E de saber falar português. Três coisas-admito-completamente fora de moda.
Pois qual não é o meu espanto quando, aqui há dias, na televisão, oiço o Senhor Primeiro Ministro referir-se assim à mulher (também odeio a palavra "esposa"…) do Comendador Manuel Violas. "A Senhora Celeste…." (não sei se é este o nome da senhora, mas adiante).
Fico parva. Nos cursos todos que tirou, ninguém lhe ensinou que as senhoras são todas "Senhoras Donas"?
Parafraseando livremente o nosso Augusto Gil, "que quem trabalha num call-center nos faça sofrer tormentos… enfim!/ Mas o Primeiro Ministro, Senhor? Por que nos dás esta dor? Por que padecemos assim?"

Obama recebeu hoje em reunião na Casa Branca os dados relativos ao verdadeiro estado da economia nos Estados Unidos

À saída, exigiu a imediata recontagem de todos os boletins de voto... (recebido por e-mail)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E TROÇO: pelo Futebol Clube do Porto que, supostamente numa crise terrível, acaba de vencer na Champions (não está ao alcance de qualquer um, meu caro Rui: por muitos conhecimentos que se tenham na secretaria, a coisa conquista-se no campo).
EM DEFESA DA POLIGAMIA:
Estranharão alguns, mais atentos, ver o meu nome no nem tanto ao mar. A justificação é simples: limito-me a aproveitar as novas regras que a esquerda gentilmente me oferece. Eu explico.
Uma vez que até a violação dos deveres do casamento é livre, na era sócrato-bloquista, de muito pouco valem os deveres de fidelidade, coabitação, cooperação, assistência, etc.. Se o que importa são apenas os afectos, se o que vale são só os afectos e o resto não interessa então que de afectos se trate.
Assim, e dado que a lei o permite ou incentiva em situações bem mais importantes, faço funcionar na blogosfera a teoria dos afectos no casamento.

Tenho imensos e enormes afectos pela tripulação do Mar Salgado. Antigos, de 25, 30 anos, num dos casos de 35. Históricos mas sempre muito actuais. Formamos um daqueles casais de velhos (de 'idosos', para os leitores mais novos perceberem o que escrevo) que conseguem passar o dia juntos, sem dizer palavra, sabendo perfeitamente cada um o que o outro está a pensar. Sobre cada assunto, sobre cada tema, cada um de nós sabe exactamente (e por antecipação) aquilo que o outro vai escrever. Se os nossos textos não estivessem assinados, cada um de nós conheceria na perfeição a autoria do escrito. Afectos históricos, antigos, actuais e deliciosos.

Mas fizeram-me olhinhos e eu perco-me por carinhos. Afectos mais recentes (um nem tanto, diria antes que repescado), mas daqueles a quem muito dificilmente se diz não, fizeram-me a corte. E dado que, actualmente, nem no casamento a violação daqueles deveres de fidelidade e assistência tem algum interesse ou importância; e uma vez que no Mar Salgado, tripulação de liberais independentes, o casamento nem é bem de papel passado mas antes uma união de facto, coloquei-me, e a eles, muito modernamente, a questão da facadinha, da traição, da infidelidade permanente. Poderia eu assumir dois casamentos? Duas uniões de facto, que fosse? Ter duas casas? Pertencer a ambas? Coabitando ambas? Cooperando com ambas? Com conhecimento e consentimento de ambas? - Claro que sim, responderam todos. O que importa agora são os afectos. É tudo muito moderno, somos todos amigos, conjugação de afectos.

E assim tornei-me alegremente, com o conhecimento e apoio das duas famílias, um bígamo. Tenho duas casas, assumo duas uniões de facto. Com o conhecimento de ambas. Imagino que, no seu íntimo, nenhuma delas acredite que eu preste assistência que se veja a cada uma das casas mas tenho duas, já cá cantam E já estou até a pensar numa terceira, a pensar em passar da bigamia para poligamia alegre, feliz, legítima, moderna, quanto mais não seja para me antecipar às causas fracturantes que a esquerda costuma inventar por não ter mais nada que fazer ou defender. Se a violação dos deveres do casamento não interessa, para quê limitar a coisa? Viva a poligamia!

Aviso à navegação

Queria acreditar que os pretos são iguais aos brancos, mas não consigo.



É que um preto estúpido não é definitivamente igual a um branco inteligente. E um preto inteligente não é definitivamente igual a um branco estúpido. Digo-o, porque o penso, e penso-o desde que, nos meus tempos de Coimbra, passei umas horas a apanhar uma valente seca dum chato dum preto que perorou sobre temas que se me escaparam completamente da memória no tempo que uma ideia leva a entrar por um ouvido e sair por outro. Então porque me dispus à imolação? Porque o tipo era preto. E eu era na altura um branco estúpido, ou, se quiserem, ainda mais estúpido que hoje, que se regia militantemente pela convicção de que a cor da pele importa, sim, excepto se for branca.
Felizmente, deixei-me disso. Os muitos amigos pretos que tive desde então, eram-no porque eram inteligentes, divertidos, interessantes, bons, ou tudo isso ao mesmo tempo. Os outros, os pretos burros, chatos, cinzentos ou maus, mandei-os para o mesmo sítio para onde se deve encaminhar os brancos com esses atributos. O que nunca mais passei foi um cheque em branco. Parece tão simples, mas demorei anos a percebê-lo.
Vem isto tudo a propósito do preto que elegemos para a Casa Branca. Elegemos, elegemos... desculpem-me, mas os jornalistas criaram-me não sei porquê a ilusão de que também votei. O preto que os Americanos elegeram para a Casa Branca, assim é que é, é-me imensamente simpático: acho-o extraordinariamente afirmativo, sedutor, imaginativo, inteligente. Como social-democrata que sou dos quatro costados, e em face da recente pouca-vergonha bolsista, tendo a aprovar as posições em favor de maior regulação de mercados, para citar só um exemplo. E só cito um exemplo, porque não posso concluir muito do pouco que ele disse sobre a sua agenda. Grandes tiradas, já demos. O Kennedy tinha-as, e pelos vistos concretizava-as. Este, espero que também o faça. Mas por enquanto é o mais que posso fazer: esperar.
A minha tendência de voto – cá estou eu outra vez – inclinava-se para McCain. Porque no que me interessa, a política externa, sentia-me um pouco mais seguro tendo um conservador experimentado a falar com o fdp do Irão do que um ingénuo bem-intencionado. Mas incomodou-me consideravelmente a deriva dele relativamente às soluções para a crise, e sobretudo a escolha da Miss Pateta. Ainda bem que não tive de votar.
Feita esta declaração de interesses, estou profundamente convencido de que Obama vai ser um grande Presidente e inaugurar um novo período de esperança nos EUA, logo no mundo. Que vai ser o homem certo para o lugar. Mas isto é uma fé que eu tenho. A única coisa que digo, ao contrário de muitos dos 80% de Europeus que «votaram» Obama, é que só acredito quando vir – preto no branco.
Até lá, uma coisa é certa – demos um grande passo no sentido da extinção da raça racista – aqueles indivíduos tão inseguros que têm medo que um preto lhes roube o emprego.

PS: Que eu saiba, em trinta e tal anos de democracia, o único partido que tem um deputado preto, não por ser preto, mas pelo valor que entenderam achar-lhe, é o CDS-PP. (Apesar de eu próprio não simpatizar com ele, depois daquelas cenas de tabefe no Conselho Nacional.) Não deixa de ser curioso.

efeito Obama

(ouvido na rádio)
Nacionalização do BPN:
CDS e PSD abstiveram-se.
PCP votou contra.
Proposta de suspensão do deputado do PND na ALR da Madeira (depois de sacar de uma bandeira nazi em plena sessão plenária):
CDS absteve-se.
PCP e BE votaram contra.
Conclusão:
Em menos de 24 horas, está visto que o Mundo já começou a mudar.

44

Da noite, retenho os discursos. McCain terá feito o melhor desde o início da campanha, em ambiente hostil, revelador de que alguns republicanos acreditaram piamente até ontem que iam ganhar esta eleição. Aceitou a derrota sem "mas" e declarou o seu apoio ao presidente eleito. Não precisava de o fazer. A dignidade de um homem revela-se essencialmente nas derrotas. McCain fê-lo.
Obama foi perfeito. Impressionaram-me as expressões de quem o ouvia. Ontem fez-se História e as pessoas estavam cientes desse facto. Por outro lado, mostrou que não é de perto nem de longe aquilo que a esquerda europeia espera dele. Não posso, assim, deixar a ironia de lado quando vejo o Rui Tavares ou o Daniel Oliveira a apoiá-lo de forma tão vigorosa. Se não me engano, é o Rui Tavares que refere que Obama seria o candidato mais à esquerda. Pura falácia. Obama será, se quiserem interpretar a política americana à luz dos conceitos europeus de esquerda/direita, o candidato menos à direita. Para o constatar, basta ler o que ele já escreveu ou ouvir os seus discursos. E interpretar os sinais. Poucos minutos antes de discursar Obama, subiu ao palanque um sacerdote cristão que fez uma oração. Depois, alguém veio fazer o juramento da bandeira. Imediatamente antes do candidato vencedor subir ao palco, cantou-se o hino americano.
Obama é o 44.º presidente.
God bless United States of America.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Só faltava mais este, ou como um Vasco da Gama faz falta em qualquer nau que se preze.


Contamos desde agora com mais um marinheiro a bordo, que ainda por cima se chama, sim, Vasco da Gama (daí as iniciais VLX). Coube-me o privilégio de o apresentar, o que não augura nada de bom, sendo eu contra privilégios. Mas adiante. Comecemos por uma informação totalmente inútil. O Vasco é destas pessoas que se encontra passados uns séculos noutra praia e, zás, retoma-se a conversa onde tinha ficado. O que indica que nos mantivemos ambos fiéis aos nossos princípios, ou, em alternativa, os transgredimos no mesmo sentido. Ele é um verdadeiro israelita em quem não existe fingimento. Não tem paciência para o politicamente correcto, nem para pessoas que dizem não ter paciência para o politicamente correcto, e trata os bois pelos nomes, nem que isso implique levar umas cornadas. (Por falar nisso, tem um amor imenso aos animais, cozinhando-os com imensa mestria.) É a pessoa certa para ter ao lado em situações extremas, como uma trincheira da I Guerra Mundial, ou a mesa dum bom restaurante. Depois, e reparem que vamos em crescendo, escreve estupidamente bem, como se verá, cultivando a palavra sem necessidade de recorrer a clichés estafados como esse de «cultivar a palavra». Mas sobretudo, sobretudo, num blogue que é uma corja de adeptos de clubes sulistas, é um verdadeiro, sim, Portista. (Sem acento.) Enfim, um gajo às direitas, o que é que eu hei-de dizer mais?
Vasco, bem-vindo a bordo!
100
Mensagem cem, só para sossegar o Rui.

O grilo falante

Como refere o Luciano Amaral, criou-se e espalhou-se a ideia de que uma hipotética derrota de Obama só poderá ser justificada com base na fraude e/ou numa manifestação de racismo.

Mas, mais do que garantir um possível capital de queixa ou consolo moral para uma derrota em que ninguém na esquerda acredita, esta ideia tem servido (e falo apenas dos EUA porque o resto do mundo, felizmente, não vota nas eleições americanas) para tentar condicionar o voto dos potenciais eleitores. Uma espécie de grilo falante que vai repetindo incessantemente o aviso: “vejam lá se votam bem para que não se pense que somos todos racistas e batoteiros”.

Não sou inocente e compreendo estas técnicas de marketing político. O que eu já dispenso é o ar simultaneamente empírico e delicodoce com que tentam impingir-nos a cantilena.

Dias de unanimidade são dias burros


Percentagem de “intervenientes” no fórum TSF que declararam hoje o seu apoio a Obama: 100%
Percentagem de jornalistas da TSF que não esconderam hoje preferir Obama: 100%
Percentagem de técnicos de sonoplastia da TSF que querem ver Obama na presidência: 100%
Percentagem de comentadores TSF que vêem em Obama uma esperança para o mundo: 100%


Um mundo que, nestes dias, está cada vez mais parecido com uma gigantesca TSF.
"How far the Senator for Arizona travelled between that moment and 2008, when he himself chose Sarah Palin as his running mate. It looked clever but, asSidney Blumenthal writes in today’s Guardian, it also made it hard for McCain to argue that he was not a “core” conservative or, indeed, to attack Obama as inexperienced. His mishandling of the economic crisis and the congressional row that followed finished him off. In this sad story of diminution lies a terrible warning to Cameron and Brown about what a campaign can do to a candidate. This will not be McCain’s day, and it was his last chance to become President. But, amid the Obamania of the coming days, do not forget the extraordinary contribution this great American has made to his country, to international relations and to the free world." (Matthew D'Ancona)

hoje somos todos ucranianos

até 2013

Para além da evidente responsabilidade dos ex-gestores do BPN - assunto para os Tribunais e a polícia tratarem -, o que mais me preocupa é a completa ineficiência do supervisor. Até ao passado fim-de-semana, eu estava plenamente convencido de que o papel do supervisor era evitar que um Banco fizesse diatribes tais que o pudessem levar a uma situação de quase falência e, consequentemente, conduzissem à sua nacionalização. Vêm agora o Banco de Portugal e o Governo tentar convencer de que fizeram tudo o que podiam. Que até levantaram autos de contra-ordenação e tudo. Só podem estar a brincar. Se assim fosse, haveria razões mais do que suficientes para o pânico se instalar, pois, pelos vistos, situação idêntica pode neste momento estar a acontecer com outros bancos. Com efeito, o BP instaurou contra-ordenações a outras instituições bancárias. Num país normal, o governador do BP seria imediatamente demitido, pois foi a sua incompetência que tornou possível a actual situação. Como o país não é normal e para o ano há eleições, dá mais jeito (ab)usar (d)o caso, de forma a fazer da contenda um confronto entre o capitalismo selvagem e o socialismo (aka capitalismo de estado, como li em algum sítio). Há que assegurar a maioria absoluta e a verdade é que muitos já se esqueceram de que quando o estado nacionaliza somos todos a pagar. Em 2013 há mais.

ler, sff

Estes 2 (1 e 2) textos do maradona. Imperdíveis.

eu gostava de ter escrito isto

"(...) Ler sobre Barack Obama nos jornais é uma coisa. Ouvi-lo discursar em directo é outra muito diferente. E eu jamais esquecerei a sensação de deslumbramento com que o escutei pela primeira vez na madrugada de 4 de Janeiro de 2008. Lembro-me de ter pensado "uau, mas quem é este tipo?", e num arroubo de romantismo político (coisa que nunca pensei existir) ir buscar a minha mulher para partilhar comigo aquele momento. Quatro dias depois publicava no DN um texto intitulado "Convém fixar uma nova palavra: obamamania", que começava assim: "Se no mundo desencantado em que vivemos ainda houver espaço para acreditar em homens providenciais, então eu quero acreditar neste." E de seguida apostava na sua vitória nas primárias de New Hampshire - uma asneira de todo o tamanho, já que as famosas lágrimas de Hillary Clinton acabaram por o derrotar. Ainda assim, foi sua a festa. O seu discurso no New Hampshire, depois condensado no vídeo de will.i.am e Jesse Dylan Yes We Can - que ainda hoje me maravilha quando o vejo -, é certamente um dos mais espantosos discursos de derrota dos tempos modernos. 
Eu sei que no mundo em que vivemos, e nos jornais em que escrevemos, estas palavras parecem ingénuas. Sei também que dificilmente Obama estará à altura das expectativas que criou para si próprio. Não importa. Não o vejo - nem nunca o vi - como um Messias que revolucionará a forma de fazer política. Isso não existe. Mas é de facto um enorme prazer, ao fim de 35 anos de vida, pela primeira vez olhar para um político e poder dizer: "Eu realmente acredito neste homem." Não por ser imune ao erro, ou sequer concordar com 100% do que ele diz, mas por ter todas as condições de carácter para, em cada momento, poder decidir da melhor maneira. Que ele seja negro e se chame Barack Hussein Obama apenas demonstra que o sonho americano continua vivo. E só quem tiver perdido toda a esperança pode não encontrar aí algum conforto." (João Miguel Tavares)

ler os outros

"Uma vez eleito, Obama vai dar um desgosto à esquerda patológica global porque terá de exercer a presidência dos EUA com tudo o que isso representa para o mundo e que Bush Júnior nunca soube representar. Precisa limpar a casa. A dele e a planetária, e restaurar a confiança que o "ocidente" deve ter nos EUA. Em suma, não ficamos nem bem nem mal servidos com Barack Obama. Ele é apenas o precário sumo sacerdote do tempo que passa. Boa noite e boa sorte, Senador." (João Gonçalves)

change vs country first

"I’ve long regarded anti-Americanism as a belief system all in itself – and one of the most underrated and menacing forces in the world today. As Fareed Zakaria said a few years ago, it fills the void left by defunct belief systems in the post-Communist world – and it goes way beyond the snide comments at Islington dinner parties. Whether it’s simple anti-capitalism or Islamist agitation, you can see anti-Americanism at large whenever the enemies of the open society gather. Obama will deal all this a hammer blow. Goog.
(...)
Finally, my Republican friends have been gushing about Tony Blair for years now – they didn’t have to live with his policies. I won’t have to live with Obama’s. So it’s time for some light revenge." (Fraser Nelson)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

temos homem

O Eduardo Nogueira Pinto, que também escreve no 31, passa a partir de hoje a dar-nos o prazer da sua companhia. Bem-vindo, Eduardo.

o diletante

"O ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes considera o discurso da actual direcção do PSD “triste, sombrio, sincopado, esterilmente agressivo e incoerente”, num artigo de opinião publicado hoje que ocupa uma página do “Jornal de Notícias”, com o título “Porque não se cala, porque não se vai?” (...)" - Público
Há a liberdade de expressão e de crítica e há a ordinarice e o inconcebível. As recentes manifestações de Luís Filipe Menezes enquandram-se nesta última categoria. Aquele que foi um dos piores presidentes do PSD, vem agora, repetida e insistentemente, proferir as maiores aleivosias acerca da actuação de Manuela Ferreira Leite. Fá-lo sem qualquer respeito institucional, nomeadamente o que se exige a um ex-presidente do partido. Não sou adepto de proscrições, mas quer parecer-me que não restará alternativa ao PSD que não dar a Câmara de Vila Nova de Gaia como perdida, indo à procura de um candidato a quem apoiar nas próximas autárquicas.

os farsantes

Leio no Público que o milagre das notas de matemática não passa de um logro. Com efeito, as elevadas notas dos exames não correspondem às médias das escolas. Está tudo no Público, num suplemento especial de hoje. Quer isto dizer uma de duas coisas, ou os exames eram mais fáceis ou as correcções menos rigorosas. Seja como for, é evidente que o Governo prossegue com a sua estratégia de facilitismo e demagogia barata, em evidente pré-campanha eleitoral. Numa área como a da educação, seria de esperar - e de exigir - que o populismo bacoco de Sócrates e da sua ministra ex-promessa-cada-vez-mais-futura-ex-ministra não entrassem. Por uma questão de decência. Já agora, sugere-se a um qualquer partido de oposição que chame a ministra ao parlamento e a faça explicar os números. Depois da pseudo-licenciatura, dos projectos de "engenharia", dos telefonemas para os jornais, do aeroporto que vai ser construido num deserto, dos 150.000 empregos que nunca chegaram a sê-lo, do Magalhães, do orçamento e da pen, do Estatuto dos Açores, etc., confesso que as dores nas costas começam a ser insuportáveis, porra.

11/4 guide

Spectator guide:

7 pm (Midnight UK Time)
Polls close in six states. The battleground states of Virginia and Indiana won’t be called instantly but watch to see if Georgia and South Carolina are. If they’re not, that suggests that black turnout has soared.

If Virginia is called within the hour for Obama, that means that he is almost certainly on course for victory and quite comfortably. 

7.30 pm
Ohio’s polls close. This state is an absolute must win for McCain but they don’t count their votes quickly here. 

8 pm
15 states and the District of Colombia cease voting. Watch to see if New Hampshire and Pennsylvania are called fats, polls suggest that Obama is ahead in these states by close to double-digit margins but McCain needs Pennsylvania to win. Also, watch to see if Florida—where outside the Panhandle polls closed at 7—is called earlier than expected. The Sunshine state was expected to be relatively easy for McCain but 30 almost 30 percent of Floridians with a mortgage are now in negative equity which has given Obama an opening. One other state to watch is Missouri, Obama doesn’t need it to get to 270 but he has campaigned there in recent days.

8.30pm
Polls close in North Carolina and Arkansas. North Carolina has turned out to be one of the surprise battleground states. If Obama wins this state that is emblematic of the new South, expect there to be much talk about realignment.

9pm
Another 13 states finish voting. The state to watch here is Colorado which Obama looks set to flip. Also closing at this hour is McCain’s home state of Arizona. I expect that he will win the state but the Obama campaign has made a last minute play for it.

10pm
5 more states finish including Iowa. This was expected to be a close state but most polls show Obama with a commanding lead. 

11pm
Another six states close but none are expected to be key to the result.

1am
Sarah Palin’s home state of Alaska finishes things up. But I suspect things will actually have wrapped up an hour or so beforehand.

ler os outros

"Fernanda Câncio é uma jornalista de prestígio já estabelecido (o PSD que o diga), e uma personalidade com crescente carisma público. O nascimento do jugular estará ligado, em parte, ao seu cleopátrico nariz propenso a atrair mostarda. E o espirro, dito alérgico, deu origem a um novo blogue muito bem composto. Ora, estas circunstâncias não a protegem contra a imbecilidade, como este seu texto faz questão de lembrar. O caso explica-se em poucas linhas, porque nasce de poucos raciocínios (...) Se quiséssemos limpar a Bíblia do que nos parece desajustado segundo a moral e compreensão de cada um, e no tempo e local que for o seu, quem decidiria o quê? E que restaria? Isto, como é óbvio, constrange ter de ser explicado. 
Fernanda Câncio, afinal, também está Bem-intencionada. É esse o seu inferno."

tiro no porta-aviões

João Moutinho admite jogar no... Benfica (rr)

domingo, 2 de novembro de 2008

para memória futura

Depois da vitória do Glorioso, poucos farão a análise da arbitragem, mas a verdade é que o trabalho do árbitro no jogo de hoje em Guimarães foi pouco mais que vergonhoso, em prejuízo do Benfica. O Filipe tem toda a razão quando assinala a diversidade de critérios, constante em todo o jogo:
"(...) O sr. Xistra esteve ao seu nível: uma patada no peito custa um segundo amarelo, uma patada na cara é para seguir jogo." (Filipe Nunes Vicente)

bond girl

Tem o meu voto.

when red turns blue

As dúvidas vão desaparecendo. 

na última curva, sem necessidade de mais considerações

2008

usa

I must admit that I left McCain’s rally in northern Virginia today more convinced that ever that this American hero will, sadly, lose on Tuesday. The bulk of McCain’s stump speech is dominated by an argument against redistribution. It is a classic right-left fight—and that’s what’s wrong with it. McCain is preaching to the choir but the choir is smaller than it has been in a generation.

If in 2005, when talk began about a second McCain run for the White House, one had been told that McCain would have to win Pennsylvania to win the White House one could have sketched out a plan for how he would do it. It would have involved him running as part of the radical centre, a bold reformer. The strategy would have been to keep down the Democratic margin in the populous Philly suburbs and then sweep the rural parts of the state. The one thing you would have told McCain not to do is run as a generic Republican; after all there are a million more registered Democratsthan Republicans in Pennsylvania. But the argument McCain is making about taxes is a generic Republican one.

This is not to say that tax isn’t a political weapon any more, half the Obama signs I saw in Virginia today bore the slogan 'Obama-Biden For Lower Taxes'.  But the point is the Democrats haven’t walked into an elephant trap this year but the Republicans are acting as if they have.

To be sure, the financial crisis has done more to dish McCain than anything else. But it seems crazy that McCain is centring the closing message of his general election campaign on a more conservative argument than he used to make during the Republican primaries. (Spectator)

sábado, 1 de novembro de 2008

exercícios espirituais

Para tentar explicar o espaço e o tempo como formas da sensibilidade, segundo Kant, desafio os estudantes a captar as coisas sem o espaço e a narrar a sua vida sem o tempo. Impossível! Aí está a razão por que a morte e o seu depois, porque para lá do espaço e do tempo, são completamente irrepresentáveis para nós. Depois da morte, para os mortos, já não há aniversário, porque, com a morte, sai-se do tempo e entra-se na eternidade. Na eternidade do nada ou na eternidade de Deus. Espero que na eternidade do Deus vivo e infinitamente bom. (Anselmo Borges, dn)

Os mata-frades do século XXI

O mundo vive mergulhado no relativismo. Perdendo-se os referentes do Bem, da Verdade e do Absoluto, tudo passa a ser permitido e qualquer opinião é – e tem de ser – aceite como válida. Não importa se contende com princípios éticos e axiológicos, mesmo que – e dizemo-lo para afastar elementos perturbadores do discurso – não religiosos, porque a instância máxima de legitimação passa a ser a vontade, insindicável, totalitária, despótica, do eu solitário, solipsista, egoísta, orientado pelo hedonismo e pelo imediatismo. O que dá prazer, o que contenta momentaneamente, o que potencia a euforia desbragada é o que é assumido como fim da existência. E o indivíduo perdido em si mesmo, assumindo-se como rei absoluto da sua vida, tem direito a dizer o que quer e quando quer. O inalienável direito à opinião, pública, publicada ou privada, que não admite o erro ou o contraditório. Se outros aduzem argumentos contrários, são de pronto reduzidos à sua insignificância, pelo disparo de “isso é relativo”, quando não desmerecidos pela acusação dos pressupostos de que partem.
A absoluta liberdade de expressão já não encontra, como para os liberais, limite na liberdade do outro, mas na sacralização do politicamente correcto. E este é, no momento histórico actual, incompatível com a religião. Ou alguma religião. Daí que sejam elevadas a formas de arte ou expressões legítimas da liberdade de pensamento ataques ao sentimento religioso de cada um e da comunidade como um todo.
Todos se podem queixar. Mas não um católico. Um católico que se queixe é um católico cristiovitimizado e isso, seja lá o que isso for, porque de facto não corresponde aos dados históricos e sociais, é mau. Um católico que manifeste a sua posição não é um sujeito no exercício da liberdade que todos reclamam; é um instrumento manietado pelos malfeitores todo-poderosos que procuram perpetuar as trevas no mundo, um acéfalo controlado pelo Papa. Nunca, por certo, lhes passou pela cabeça que as pessoas possam experimentar a fé como sentimento de união a Deus, nem jamais terão pensado que talvez seja um bocadinho presunçoso desqualificar a forma de vida que os outros escolheram viver. Ou mesmo um pouco contraditória essa obsessão descristianizadora com o fundamento hiperindividualista de que partem.
Mas não. Dizem que não. Não os preocupam “as bananas das religiões” se postas no seu lugar, se remetidas ao silêncio, se entrincheiradas no reduto do lar. O problema é que, para além de denunciarem que há umas pessoas que fazem do ataque à Igreja o motivo da sua existência, os católicos e a Igreja ousam querer ser escutados sobre temas importantes para o mundo. E isso é inadmissível. Mesmo que a Igreja seja uma pessoa jurídica. Mesmo que a Igreja seja, enquanto tal, portadora de direitos e deveres. Mesmo que a Igreja tenha, nesse contexto, um relevantíssimo papel assistencial, sem o qual o próprio Estado colapsava. Porquê? Porque a Igreja afirma o Bem e isso contende com o sacrossanto relativismo, porque ele é, afinal, a revelação de uma ética – desvaliosa, é certo –, que de neutral nada tem, por ser essa neutralidade a positiva assunção de um qualquer valor.
Combatem a Igreja em nome de um pluralismo radical de que se dizem arautos e o mesmo vem, paradoxalmente, a traduzir-se num dogmatismo de convicção de sentido contrário que, distante da tolerância cristã, resvala facilmente para o fundamentalismo.

vende-se


Já todos percebemos que Sócrates tem alma de comerciante. Com efeito, ao longo destas últimas semanas tem sido um óptimo delegado comercial da JP Sá Couto, empresa que fabrica (parte) (d)os Magalhães. De forma a aproveitar a embalagem, sugiro que Sócrates passe igualmente a dispor do exclusivo de comercialização de outros produtos, desta feita 100% por cento portugueses. Começamos com os enchidos.
P.S. Algumas mentes mais sensíveis andam perturbados com a imagem que Sócrates tem vindo a dar de Portugal e dos portugueses. Não compreendo a indignação. A História não se repete. Se é verdade que fomos em tempos um povo de Descobridores, é bom que nos comecemos a habituar à ideia de que não passamos hoje de vendedores de banha da cobra.

há menos de um mês, quando ainda era credível

"O primeiro-ministro, José Sócrates, congratula-se com o facto das previsões do Fundo Internacional Monetário (FMI) deixarem Portugal de fora do grupo de países que entrará em recessão.

«As previsões do FMI duvidem-se em 2 grupos: o dos que vão entrar em recessão e o dos que não vão. Onde está Portugal? No segundo!», afirmou satisfeito o primeiro-ministro, no debate quinzenal que decorreu esta quarta-feira na Assembleia da República." (IOL)