quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mural da história

Em Viseu dois jovens comunistas foram apanhados em flagrante a pintar uma inscrição divulgando um congresso num túnel municipal. Acusados do crime de dano, a inscrição transmutou-se rapidamente num mural e os vândalos em artistas defensores da liberdade de expressão. Uma excelente oportunidade para afrontar a ordem conservadora e cunhar um sólido passado de luta anti-fascista, portanto.
Curiosamente, ou talvez não, o jornalista que relata o facto persiste em chamar "mural" à coisa grafada quando o tribunal expressamente afastou esta qualificação. Fica claro que para o DN, ou pelo menos para Amadeu Araújo, autor da peça, não há dúvidas entre uma sentença de um tribunal e a opinião da JCP e da inevitável camarada Odete, a impalatável paladina do bolchevismo mais atávico.
Tem graça ver como os defensores dos democráticos regimes da Coreia do Norte, do Laos, do Vietname e de Cuba elevam a liberdade de expressão à categoria de direito absoluto quando lhes convém. Pena é que lhes convenha tão pouco.