quarta-feira, 5 de novembro de 2008

44

Da noite, retenho os discursos. McCain terá feito o melhor desde o início da campanha, em ambiente hostil, revelador de que alguns republicanos acreditaram piamente até ontem que iam ganhar esta eleição. Aceitou a derrota sem "mas" e declarou o seu apoio ao presidente eleito. Não precisava de o fazer. A dignidade de um homem revela-se essencialmente nas derrotas. McCain fê-lo.
Obama foi perfeito. Impressionaram-me as expressões de quem o ouvia. Ontem fez-se História e as pessoas estavam cientes desse facto. Por outro lado, mostrou que não é de perto nem de longe aquilo que a esquerda europeia espera dele. Não posso, assim, deixar a ironia de lado quando vejo o Rui Tavares ou o Daniel Oliveira a apoiá-lo de forma tão vigorosa. Se não me engano, é o Rui Tavares que refere que Obama seria o candidato mais à esquerda. Pura falácia. Obama será, se quiserem interpretar a política americana à luz dos conceitos europeus de esquerda/direita, o candidato menos à direita. Para o constatar, basta ler o que ele já escreveu ou ouvir os seus discursos. E interpretar os sinais. Poucos minutos antes de discursar Obama, subiu ao palanque um sacerdote cristão que fez uma oração. Depois, alguém veio fazer o juramento da bandeira. Imediatamente antes do candidato vencedor subir ao palco, cantou-se o hino americano.
Obama é o 44.º presidente.
God bless United States of America.