terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
a revelação, com érre minúsculo
A Dra. Isabel Moreira foi, de longe, a grande revelação da noite. Não tanto pela estridência de uma verve fácil como pela contundência do argumentário. O dedo em riste sinalizava afinal uma autoridade que porventura se não lhe reconhecia. Não é jurista, ficámos a saber. É constitucionalista. A pérola do seu longo rol de bengalas discursivas foi uma interrogação bombástica que terá passado despercebida a todos os que não cultivam a ciência do Direito (o que, infelizmente, não é o meu caso): "natureza das coisas?". Sim, porque para a senhora doutora, o argumento "ex natura rerum", de tão largas tradições, e não apenas jurídicas, não vale coisas nenhuma. Vale nada. "O que é isso da natureza das coisas?". Que desconhece o que seja a natureza das coisas não precisava ela de o confessar expressamente. Mas ignorar o sentido e alcance do argumento não revela apenas presunção ou ignorância. É uma imensa falta de cultura. De cultura jurídica, que mais não seja.