O Público de hoje dá destaque à “polémica” causada pelas palavras do Cardeal Patriarca sobre o casamento de católicas com muçulmanos.
Sem pretender discutir a pertinência do que o Senhor D. José Policarpo afirmou, não posso deixar de lamentar a miserável cobertura que o jornal faz hoje das suas repercussões. Desconheço se foram os jornalistas, António Marujo e Alexandra Prado Coelho, que escolheram o título e o enquadramento, mas a verdade é que a edição de hoje do Público deveria ser utilizada, por todos aqueles que ensinam em escolas de jornalismo, como um exemplo do que não deve, nem pode, ser a informação.
Sem dispensar a leitura do jornal, faço aqui um resumo. Com uma chamada de atenção à 1.ª página, com uma fotografia de uma suposta católica com os seus 4 filhos, que ocupa quase meia página, podemos ler “Polémica Há católicas felizes com maridos muçulmanos”. Só por si, esta afirmação é patética. Tão absurda como a que assegurasse haver católicas infelicíssimas com maridos também eles católicos.
Lá dentro, o Público gasta 3 páginas (as primeiras 3) com o assunto. No entanto, quando lemos a notícia, constatamos que o texto em nada corresponde com o título da 1.ª página.
Com efeito, dos 4 exemplos de casamentos entre alegadas católicas e muçulmanos, percebemos, afinal, que (i) uma delas, a da fotografia, para além de não ser casada, “não é praticamente de nenhuma religião, embora em sua casa se faça tudo para não chocar com as regras do islão”; (ii) os restantes 3 exemplos retratam casos em que as não muçulmanas, com o casamento ou depois dele, converteram-se ao islão.
Bem sei que, nos dias de hoje, as agendas de alguns jornalistas pressupõem um grau elevado de anticlericalismo (essencialmente de cariz católico), mas os excessos são de evitar para obviar ao ridículo.
Nota adicional: os exemplos trazidos pelo Público não só não contradizem o afirmado pelo Cardeal Patriarca, como o confirmam. Se o jornal fosse sério, amanhã retractava-se.
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