terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bora Fugir com o Natal


Ainda sou do tempo em que o Natal tinha a ver com o Menino Jesus. Depois, os americanos aperceberam-se de que ninguém tinha registado o ® e abarbataram-se com essa fabulosa oportunidade de negócio. Para todo o sempre.

Ou não.

Ainda podemos roubar o Natal. Ladrão que rouba a ladrão. Toda a gente à espera que ele chegue a 25, e nada. Para o ano, valor comercial por aí abaixo. O Natal vai passar a valer, na melhor das hipóteses, 1,37 Dias dos Namorados ou 1,54 Halloweens.
Para nós, pelo contrário, os simples que continuamos a acreditar no Menino Jesus, não haverá problema – afinal, nós é que pusemos o Menino a nascer a 25 de Dezembro, só para lixar o Solstício aos pagãos. Depois de raptarmos o Natal, levá-lo-emos para qualquer outro dia do ano, menos 24 e 25 do corrente – um dia diferente todos os anos, para os americanos não o encontrarem. E, claro, não haverá prendas, só espontâneas, e angústias, só momentâneas. As dores dos filhos de divorciados, e as de seus pais, tão agudas nessa noite que devia ser só de paz, ficarão apenas crónicas, posto que incuráveis. Ateus e agnósticos deverão ser deixados em paz. E não haverá mais festas de empresa nem Natais dos Hospitais.
O Menino Jesus, que de qualquer modo já foi de novo chutado das hospedarias em favor do Pai Natal, um velhinho simpático mas roído de Alzheimer que se julga S. Nicolau, pode voltar a nascer em paz, em palhas deitado, em palhas estendido, filho duma rosa, dum cravo nascido. E todos nós, os épicos sobreviventes das quadras festivas, poderemos juntar-nos aos pastores sem eira nem beira como nós, e regozijarmo-nos com esta grande alegria, que o será para todo o povo.
Não é tão difícil como parece. Basta seguir a estrela.

8 comentários:

disse...

Conta comigo!

Nuno Pombo disse...

Bora, Ferreira Lima. Mas temos, primeiro, de apagar as luzes que a TMN semeou pela cidade, em rigoroso exclusivo acertado com a edilidade. Só no escuro, na simplicidade do escuro, veremos, luminosa, a estrela que vamos seguir.

Jorge Ferreira Lima disse...

OK, estamos três... Vai mais alguém de vossa casa?

Rui Castro disse...

Não te metas nisso, Ferreira Lima. Olha que só da casa do Tó são 10 putos.

Jorge Ferreira Lima disse...

Há muitas moradas na casa do senhor, Tabarra Castro. Têm é de levar saco-cama.

João Távora disse...

Oh Jorge: eu sei que sou um obstinado conservador, mas por mim não prescindo do dia 25 de Dezembro de Nossa Senhora, S. José e do Menino Jesus. Temos é que nos libertar dessa cangalhada toda, e voltar a reunirmo-nos nas nossas catacumbas em festa e cânticos de louvor. Definitivamente o Natal não é quando o Homem quiser.

JLnm disse...

contem comigo...

Jorge Ferreira Lima disse...

Oh João, fazes assim tanta questão no 25? Tá bem, pronto, fica 25. Santo Natal a todos lá em casa e nesta caixa de comentários...