quarta-feira, 29 de outubro de 2008
A vitória do relativismo
Estamos a viver tempos difíceis e, com toda a probabilidade, vamos sentir a necessidade de mudar de paradigma. E será assim, segundo penso, nas mais diversas áreas de análise (económica, financeira, social ou política). Vem esta consideração a propósito do último acto eleitoral, nos Açores. O PS reclamou vitória, o que só se aceitará em vista de ter sido o partido mais votado. O PSD, na sua já crónica ininteligibilidade, disse qualquer coisa que não merece reprodução. O CDS, por sua vez, mostrou-se satisfeitíssimo com os resultados. Ora, um exame mais detido desses mesmos resultados, no que respeita ao CDS, sugere outras cautelas e, eventualmente, uma profunda reflexão. É certo que o CDS aumentou o número de eleitos e bateu as várias sondagens que não lhe davam mais do que uma sofrida irrelevância. Mas chegará isto para cantar vitória? Estará o CDS, o meu partido, o partido dos valores, refém deste medíocre relativismo aritmético? Relativamente às últimas eleições regionais em que nos batemos com listas próprias, alguém se terá dado conta de que perdemos qualquer coisa como 20% do nosso eleitorado? E irá alguém procurar a razão de termos perdido, no maior círculo da Região, S. Miguel, metade dos nossos eleitores? Alguém, em consciência, consegue ver nisto uma refrescante vitória?
Com bitolas deste jaez, qualquer dia, ainda nos sentimos na obrigação de felicitar o aluno que, apesar de ter chumbado, foi o terceiro melhor da turma.